terça-feira, 25 de setembro de 2012

Carta ao Leitor

Se olharmos 3 expressivos eventos ocorridos nos últimos meses  veremos que as conclusões são bastante semelhantes, todas envolvendo fortalecimento do setor de inovação como a saída para o enfrentamento do quadro global de crise econômica e a construção de modelos de desenvolvimento capazes de melhorar a vida das pessoas.

Na Rio +20 não foi desprezível a participação do setor empresarial e a mobilização da comunidade científica. Esta reuniu esforços para a criação do projeto internacional de pesquisa interdisciplinar do sistema terrestre para a sustentabilidade global (Future of Earth) cujo objetivo é prover, nos próximos dez anos, o conhecimento necessário para que as sociedades possam enfrentar os riscos das mudanças ambientais e desenvolver transições adequadas, a partir de uma maior colaboração entre as ciências naturais e as ciências sociais.

De 25 a 28 de junho realizou-se no Memorial da América Latina (SP) o simpósio internacional "Aperfeiçoando a gestão de recursos hídricos em um mundo em transformação: Academias de Ciências trabalhando juntas para ampliar o acesso à água e ao saneamento", organizado pela ABC (Academia Brasileira de Ciências) com o apoio da Rede Global de Academias de Ciências (IAP) e da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS), do próprio Memorial, além da Sabesp, Capes e Finep. Reunindo especialistas de 34 diferentes países apontou para a necessidade de uma maior articulação entre as Academias de Ciências, de forma que estas possam intensificar a cooperação internacional e assessorar os governos no desafio de se incrementar o acesso à água de boa qualidade e aos serviços de saneamento nos países em desenvolvimento.

E, finalmente, de 14 a 16 de agosto, foi a vez, em Brasília (DF), da 7ª edição do Congresso ABIPTI com o tema “Tecnologia para um Brasil inovador e competitivo”, reunindo um contingente expressivo da comunidade científico-tecnológica brasileira, em torno de 250 participantes, entre os seus 170 associados, além de membros do governo, técnicos e dirigentes, e da área privada/empresarial.

Fica patente a necessidade, expressa por vários conferencistas, de que um dos papéis fundamentais das EPDIs, entidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação - quer sejam os ambientes sob a forma de grupos/equipes/unidades/centros universitários de pesquisa, centros de educação tecnológica, os institutos de pesquisa tecnológica públicos ou privados, os institutos de pesquisa e desenvolvimento nas empresas -, precisam se articular com as demandas do setor produtivo, para que o conhecimento produzido sirva às questões práticas empresariais, transformando-se em tecnologias inovadoras em prol do desenvolvimento sustentável que a nação precisa perseguir para o seu próprio desenvolvimento e melhoria da competitividade no cenário global.

O cenário brasileiro hoje é especialmente rico em se tratando de estímulo à inovação. Há redes funcionando, como no caso do Sibratec/Sistema Brasileiro de Tecnologia e da Embrapii/ Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, ambos reúnem instituições de pesquisa tecnológica engajadas em projetos específicos, com apoio do governo federal via MCTI, configurando um instrumento de articulação e aproximação da comunidade científica e tecnológica com as empresas

Há de um leque expressivo de instrumentos voltados para a inovação, incentivos diversos expressos na legislação vigente, nova e ousada, mas ainda pouco utilizada, e o governo vem aprimorando os instrumentos para que ganhem escala a sua utilização e os seus benefícios para os empresários, uma vez que estudo recente da ABDI/Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial mostrou queda na taxa de inovação em processo e em produto na indústria brasileira nos últimos anos. Não se trata apenas de elevar os recursos com origem nos cofres públicos, o que é especialmente difícil em tempos de crise, mas também alavancar os esforços da iniciativa privada.

Enfim, os tempos são propícios à arrancada da inovação envolvendo o tripé academia/governo/empresa, talvez a grande aposta para melhorar os índices brasileiros da ainda intensa desigualdade socioeconômica brasileira, sendo o Brasil classificado como o 4 pais mais desigual da América Latina no recente relatório do programa ONU-Habitat. Um Brasil inovador e competitivo é a esperança de tempos melhores em todos os sentidos, interna e externamente.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Nenhum comentário: