quinta-feira, 27 de setembro de 2012

5º Seminário e Exposição de Novas Tecnologias em Automação Industrial

ISA Expo Campinas

DATA: 16 de outubro.

HORÁRIO

13 horas

LOCAL

Ginásio Poliesportivo Unisal

ENDEREÇO

Entrada pelo portão 2 - Rua Arthur Paioli, s/nº Jd. Nossa Senhora Auxiliadora

CIDADE

Campinas - SP

Para saber mais, acesse: http://www.isacampinas.org.br/novo/conviteisaexpo/.

Clique na imagem abaixo para ampliá-la.



Instituto do Mato Grosso lança edital de iniciação científica para 221 bolsas

O Instituto Federal de Mato Grosso lançou na última segunda-feira (24 de setembro), o edital nº 103/2012 do Programa Institucional de Iniciação Científica do IFMT (PROIC/IFMT) que se destina a proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento de atividades de pesquisa científica, através do apoio a participação de discentes de nível médio/técnico e superior da Instituição.

São ofertadas 221 bolsas de Iniciação Científica, sendo 101 para o PROIC Graduação e 120 para o PROIC Técnico. O valor da bolsa PROIC/IFMT, será de R$ 400,00 para o PROIC Graduação e R$ 200,00 para o PROIC Técnico.

As Bolsas terão a duração máxima de 10 meses com início previsto em dezembro/2012 e término em setembro/2013.

As inscrições de projetos podem ser feitas até o dia 11 de outubro de 2012.

Para saber mais, acesse: http://www.ifmt.edu.br/webui/.

MMA financia planos de recursos hídricos em dois Estados da Amazônia

A Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), do Ministério do Meio Ambiente (MMA) vai apoiar a elaboração de dois Planos Estaduais de Recursos Hídricos na Região Amazônica.

O edital 01/2012 do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) receberá propostas até o dia 21 de outubro e, para cada um dos dois planos previstos, as propostas de projetos podem chegar a até R$ 1,5 milhão, com prazo de execução de até 24 meses.

Dos sete estados que fazem parte da Região Hidrográfica Amazônia – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima, apenas Acre e Mato Grosso já elaboraram seus planos de recursos hídricos e Roraima está em fase final de elaboração.

O Conselho Deliberativo do FNMA credenciou, ainda, o Maranhão para concorrer ao edital, por entender que o mesmo situa-se na Amazônia Legal e também ainda não possui plano de recursos hídricos.
Os projetos deverão ser cadastrados e enviados para análise do FNMA por meio do Sistema de Convênios do Governo Federal (Siconv).

A divulgação dos resultados está prevista para o dia 19 de novembro.

Mais informações no telefone (61) 2028-216 ou email fnma@mma.gov.br.

Confira o Edital nº 01/2012 em http://www.mma.gov.br/images/editais_e_chamadas/SEDR/edital%20perh-final-aps%20cd%20bia%2014%2009%202012%202.pdf.

Universidade Tiradentes realiza 14ª Semana de Pesquisa

A 14ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes, em Sergipe, será realizada, no vários campi da Universidade Tiradentes, de 15 a 18 de outubro de 2012.

O evento, já em sua 14º edição, é organizado em parceira pelo Instituto de Tecnologia e Pesquisa de Sergipe, a Universidade Tiradentes e a Embrapa, com a finalidade de divulgar os resultados de pesquisas desenvolvidas nas instituições realizadoras e promover discussões que contribuam para o desenvolvimento regional.

Para o ano de 2012, foi escolhido o tema “A Internacionalização da Ciência no Brasil”, em busca de estratégias para conciliar as perspectivas nacionais com a internacionalização do ensino e da pesquisa. O tema será desenvolvido por vários apresentadores, em conferências, palestras, seminários, mesas redondas, minicursos e painéis, nas áreas de Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas e Sociais e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

Mais informações: ww3.unit.br/sempesq

(Com informações da Agência Fapesp)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

BNDES lança edital do fundo Criatec II para Inovação

Já está disponível no portal do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o edital da chamada pública para a seleção do gestor do fundo Criatec II. O novo Fundo de Investimento em Participações é voltado para empresas inovadoras com faturamento líquido anual de até R$ 10 milhões registrado no ano anterior à aprovação do investimento pelo fundo.

O patrimônio comprometido do Criatec II será de no mínimo R$ 170 milhões, sendo que a participação do BNDES poderá alcançar até 80% desse valor, limitado a R$ 136 milhões. O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) comprometerá até R$ 30 milhões. O Banco de Desenvolvimento do Sul (Badesul) e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) também serão cotistas do Fundo, com aportes de até R$ 10 milhões cada um.

Ambos participarão com o objetivo de investir em projetos nas suas respectivas regiões. Outros investidores institucionais poderão ingressar no quadro de quotistas do Fundo mesmo após o lançamento desse Edital.

O Criatec II terá um gestor nacional e no mínimo seis gestores regionais que atuarão em seis pólos, divididos por, pelo menos, quatro regiões do País. Neste primeiro momento, somente o gestor nacional será selecionado pelos investidores do fundo. Os gestores regionais terão que ser aprovados pelo comitê de investimentos do Criatec II durante os 12 primeiros meses de funcionamento do Fundo.

Os polos de atuação serão distribuídos da seguinte forma: um gestor no Rio Grande do Sul; um em São Paulo; um em Minas Gerais; um no Rio de Janeiro; um no Distrito Federal e/ou em Goiás; um na Bahia e/ou Ceará e/ou Rio Grande do Norte. O fundo poderá ter mais de seis polos de atuação, inclusive fora das localidades citadas acima, desde que aprovados por seu comitê de investimentos.

Os gestores interessados em participar do processo de seleção do Criatec II deverão enviar suas propostas em versão impressa e eletrônica até o dia 11 de outubro de 2012. Outras informações sobre o processo de seleção encontram-se disponíveis no seguinte link, com o edital da chamada pública: http://midi.as/c-6.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Ciência é peça-chave para o desenvolvimento sustentável

Para que o desenvolvimento global seja possível, a ciência e os cientistas precisam atingir um grau maior de influência em todo o mundo, afirmou Michael Clegg, presidente da Rede Interamericana das Academias de Ciência (Ianas, na sigla em inglês), durante a abertura do 1º Encontro Preparatório para o Fórum Mundial de Ciência 2013, realizado na sede da FAPESP entre 29 e 31 de agosto.

A humanidade, afirmou Clegg, enfrentará grandes desafios no século 21, como mudanças climáticas, doenças emergentes, crescimento populacional e as consequentes dificuldades no abastecimento de alimentos, água e energia.

“É crucial ouvir a voz da ciência ao tratar de problemas mundiais, pois esse é o meio mais bem-sucedido de criação do conhecimento e lida exclusivamente com argumentos baseados em evidências”, disse.

Embora muitos problemas sejam globais, de acordo com Clegg, a adoção de soluções deve ocorrer no âmbito nacional e, portanto, as academias de ciência locais cumprem um papel importante.

“São instituições livres de interferência política, com credibilidade para informar o público e os tomadores de decisão sobre problemas iminentes e potenciais soluções”, avaliou.

Clegg propôs a adoção de uma agenda comum para as academias de ciência, que inclui itens como fornecer conselhos sobre ciência e tecnologia para os governantes, encorajar novos centros de excelência nas áreas de interesse das nações e promover a evolução dos programas educacionais.

O Fórum Mundial da Ciência 2013 ocorrerá no Rio de Janeiro, com organização da Academia de Ciências da Hungria, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o International Council for Science (ICSU), a Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), a European Academies Science Advisory Council (EASAC), a American Association for the Advancement of Science (AAAS) e a ABC. O Fórum tem a missão de promover o debate entre comunidade científica e sociedade.

(Com informações da Agência Fapesp)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012


Pesquisadora revela superfruta no Tocantins

A nutricionista carioca Fernanda Abadia Finco chegou a Tocantins em 2003. Na recém-inaugurada UFT (Universidade Federal do Tocantins), Fernanda começou a dar aulas para o curso de Engenharia de Alimentos e a orientar pesquisas de iniciação científica sobre segurança alimentar.

Viajando pelo interior do Estado, Fernanda conheceu associações rurais e a biodiversidade da região, e descobriu que, mesmo nas comunidades da zona rural e dependentes economicamente da agricultura, a dieta estava longe do ideal: "Quase não há hortas. O prato de comida é composto de arroz, feijão e um pouco de carne. Tudo muito gorduroso."

A nutricionista fez parte, também, do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (2004 e 2006) e descobriu que o Estado não possuía dados sobre os benefícios dos produtos de sua própria biodiversidade.

Daí nasceu seu projeto de doutorado: mostrar como melhorar os indicadores nutricionais com a utilização de frutos regionais.

Foi para Universidade de Hohenheim, em Stuttgart, na Alemanha. "A melhor em Ciências Agrárias de lá e uma instituição extremamente internacional."

Nos dois primeiros anos, 2007 e 2008, o trabalho de campo foi feito com 57 famílias de duas comunidades rurais da Área de Proteção Ambiental (APA) Cantão, região de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. "Visitei todas as casas e entrevistei as famílias para conhecer as práticas alimentares, o nível de atividade física e entender as condições econômicas."

A pesquisadora descobriu com a população local a bacaba, um fruto regional com alto poder antioxidante, com ótimas possibilidades de uso no tratamento de câncer, o que ficou atestado em exames laboratoriais realizados na Alemanha. O segundo passo agora é desenvolver um novo projeto para levantar as potencialidades de diversos frutos regionais e como melhor utilizá-los na dieta das pessoas.

(Matéria completa pode ser acessada em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,dieta-de-tocantins-ganha-superfruta,924712,0.htm)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Fapepi aprova maior edital de pesquisa da história

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) concluiu a liberação, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de R$ 800 mil para projetos de ponta realizados no Estado, dentro do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex).

Foram aceitos quatro projetos para o Pronex, que busca apoiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, a partir da seleção de propostas para apoio financeiro a projetos. Ao todo, 11 propostas foram apresentadas, das quais seis foram ranqueadas e quatro dessas selecionadas em áreas como planejamento urbano, solos, zootecnia e farmacologia.

O programa visa valorizar e estimular os pesquisadores do Estado que já possuem núcleos de pesquisas consolidados.
Desses R$ 800 mil, R$ 200 mil são oriundos do Tesouro Estadual e o restante do CNPq. É o maior edital de incentivo à pesquisa que o Piauí já teve.

Além do Pronex, a Fapepi conta com outros editais de incentivo a pesquisas de qualidade, como o Programa Primeiros Passos (PPP), que contempla 41 pesquisadores da UFPI e da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) em vários campi do Estado e conta com recursos na ordem de R$ 100 mil.

Para os professores da Uespi que estão cursando pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado, a Fapepi concede bolsas no valor de R$ 1.200 para mestrandos e de R$ 1.800 para doutorandos.

Outra forma de estimular a pesquisa é através dos incentivos concedidos aos pesquisadores para participação em eventos e reuniões científicas no Brasil e no exterior.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Fapitec coordena a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) acontece de 15 a 21 de outubro e será coordenada pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fapitec/SE), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia de Sergipe (Sedetec). 
Em 2012, o tema será “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”.

A SNCT acontece desde 2004 e o principal objetivo é mobilizar a população, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades de Ciência e Tecnologia, valorizando a criatividade, a atitude científica e a inovação. Durante o evento, serão discutidos em escolas,  universidades, comunidades e locais públicos os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento de uma economia verde e os desafios da sustentabilidade nas suas dimensões ambiental, econômica e social. Além disso, será uma oportunidade para discutir nacionalmente os resultados da Rio+20.

De acordo com o diretor presidente da Fapitec/SE, José Ricardo de Santana, a Semana permite apresentar os resultados dos estudos que são financiados pela Fundação. “É uma ação que a Fapitec/SE coordena e estimula as instituições parceiras com propostas de divulgar e popularizar as pesquisas científicas e tecnológicas em Sergipe”, disse.

Em Sergipe, durante a SNCT, serão realizadas a Feira Estadual de Ciências, Tecnologia e Artes de Sergipe (Cienart), a Oficina de Ciências, Matemática e Educação Ambiental (Ocmeia), além da apresentação de projetos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e do PIBIC Júnior.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Finep promete aumentar em 40% financiamento para inovação

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) poderá contratar este ano um volume de financiamentos 40% superior ao registrado em 2011.

A previsão é do diretor de Inovação da Finep, João De Negri, levando em conta que, no ano passado, foram contratados cerca de 3 bilhões de reais em crédito para projetos de inovação e mais 2 bilhões de reais em recursos não reembolsáveis para universidades e centros de pesquisa.

A demanda por recursos para financiar a inovação tecnológica tem sido crescente. “A Finep tem hoje uma carteira de demanda por novos projetos da ordem de 12,4 bilhões de reais. São empresas brasileiras de diferentes portes e tamanhos, com diferentes estratégias do ponto de vista do processo de inovação”, disse.

O diretor da Finep explica que os projetos têm elevado risco tecnológico e longo prazo de maturação, o que demonstra uma economia em crescimento. “Ou seja, as empresas mirando no longo prazo, com uma estratégia de investimento em novos produtos e novos serviços, que elas estão dispostas a ofertar no médio e longo prazo”.

Além do financiamento de produtos e processos inovadores, a Finep dispõe de outra ferramenta, o venture capital voltado para investimentos em empresas emergentes.

(Com informações da Agência MCTI)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Inovação é questão de estratégia geopolítica

No Brasil, é baixo o volume de investimentos em inovação tecnológica. Para o geógrafo Pablo Ibañez, esta condição representa uma significativa vulnerabilidade econômica externa para o País, que se vê altamente dependente de tecnologias importadas e de alto custo.

Ibañez acredita que o incremento de políticas públicas que incentivem a inovação não só contribuiria para diminuir a dependência externa do país, como também auxiliaria a movimentar a economia interna.

Em seu estudo, realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), da USP, o pesquisador defende que a inovação deve ser tomada como elemento fundamental da análise geopolítica - a área da geografia que estuda as relações econômicas e de poder entre os países -, porque ela representa uma importante fonte de poder e força política e econômica.

As conclusões surgiram a partir da análise das importações e investimentos nacionais em tecnologia, com foco específico no setor da saúde, que representa uma área estratégica para as políticas de inovação por relacionar-se diretamente com uma necessidade básica da população.

"A dependência muito clara de qualquer tipo de medicamento ou equipamento médico-hospitalar, em alguma crise, pode transformar-se em um problema de fragilidade externa do País", ressalta Ibañez.

Outra questão que aponta para a importância da pesquisa e desenvolvimento na área da saúde, como explica o geógrafo, é a transição demográfica do País. "O Brasil está cada vez mais idoso", diz.

(Com informações da Agência USP e o sítio Inovação Tecnológica)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Universidades e institutos devem criar ambiente propício à inovação

Na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, às sextas-feiras, um grupo rotativo de 50 professores de diferentes departamentos da instituição se reúne durante o almoço para debater pesquisas em andamento em diferentes áreas.

Periodicamente, duplas de professores da UCSF também realizam minicursos intensivos, com duração de duas semanas e voltados para grupos de até 12 estudantes, nos quais abordam lacunas do conhecimento em suas respectivas áreas de pesquisa.

As duas iniciativas, além da própria maneira como os edifícios e os programas de pesquisa desenvolvidos no novo campus da instituição foram planejados e construídos, integram um conjunto de medidas colocadas em ação pela UCSF nos últimos anos de modo a promover uma colisão aleatória de pessoas e ideias em suas dependências – e, com isso, criar um ambiente propício para o surgimento de pesquisas inovadoras.

O relato foi feito por Bruce Alberts, professor emérito do Departamento de Bioquímica e Biofísica da UCSF durante conferência no dia 3 de agosto no auditório da Fapesp com o tema “Scientific excellence: ways and means of difussion”.

Na avaliação de Alberts é preciso que as universidades e instituições de pesquisa se estruturem e organizem programas de pesquisa de modo a estimular a realização de estudos inovadores e ciência de excelência.

Uma das formas para fazer isso – que Alberts indicou com base em mais de 30 anos lidando com universidades e instituições de pesquisa e com política científica e tecnológica – é apoiar um conjunto de laboratórios de tamanho modesto, com no máximo 12 pesquisadores que sejam liderados por um pesquisador independente “excelente e inovador”.

(Com informações da Agência Fapesp. A íntegra da matéria pode ser acessa em http://agencia.fapesp.br/16006)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

A importância da tecnologia social

Paulo Kliass, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

A proximidade das eleições municipais traz para o centro do debate alguns aspectos que são recorrentes para a grande maioria da população, em especial para aqueles que moram nas capitais e nas grandes cidades. De acordo com levantamento dos órgãos especializados, alguns assuntos são prioritários: saúde, educação, violência e transportes.

Porém, um conjunto de assuntos de extrema relevância não entra nem mesmo na pauta da política em tempos de voto para a Presidência da República e para os integrantes do Congresso Nacional. Um exemplo típico é o trinômio “ciência, tecnologia e inovação” (CT&I), que tende a ser relegado a segundo ou terceiro planos, apesar de ser elemento essencial para qualquer debate a respeito de um projeto de nação.

A lógica subjacente ao tratamento que merece ser conferido ao CT&I é bastante específica. Por se tratar de uma área de despesa pública diferenciada, ela não pode ser submetida aos mesmos critérios de avaliação utilizados pelo setor privado e nem mesmo pelos demais setores do orçamento. Ciência, tecnologia e inovação são áreas em que, muitas das vezes, o gasto público deve ser encarado como investimento a fundo perdido e onde não cabe a aplicação da contabilidade restritiva de “retorno a curto prazo”. Os ganhos para o conjunto da sociedade com os resultados desse tipo de investimento são geracionais, de longo prazo.

Os volumes de investimento requeridos são expressivos e os eventuais resultados positivos tendem a demorar bastante para se apresentarem. Porém, há um conjunto amplo de setores e ações a serem desenvolvidas nesse domínio que implicam outro tipo de relação entre os agentes envolvidos com a produção de conhecimento, de produtos e de serviços na área. Trata-se da chamada “tecnologia social”.

O assunto é sensível e polêmico, comportando diferentes tipos de abordagem e de definição. De qualquer forma, até mesmo a estrutura do Estado reconhece a particularidade do enfoque: o próprio ministério setorial mantém em sua estrutura uma secretaria que se ocupa de “Ciência e Tecnologia para Inclusão Social”. Assim, pode-se perceber certa elasticidade na abrangência do conceito: desde a simples preocupação com o caráter social da utilização da tecnologia gerada até uma abordagem em que o processo de produção da tecnologia tenha em si mesmo incorporado a preocupação com a dimensão social.

Em termos concretos, temos uma série de exemplos em que o conceito de tecnologia social proporciona ganhos expressivos para a sociedade brasileira. E isso vai desde a mera recuperação de saberes tradicionais até a apropriação de conhecimento popular em grau de maior elaboração científica. Assim, priorizar a tecnologia social como política pública pode significar a opção por um processo científico que seja gerador de maior nível de emprego do que outro eventualmente mais sofisticado e de vanguarda na pesquisa. Ou ainda, adotar um determinado procedimento de tecnologia social como política de Estado pode representar a opção por um modelo de respeito a determinados padrões de incentivo à política regional e a não aceitação passiva de modelos universais destruidores de raízes sociais e culturais significativas.

Em termos gerais, a tecnologia social tende a propiciar um melhor nível de articulação com a base da sociedade organizada, por meio de estímulo ao associativismo e ao cooperativismo. Os recursos tecnológicos estão ali presentes e a própria organização da comunidade gera resultados de maior eficiência no nível local e de sua repercussão para ser apropriado pelo conjunto da sociedade.

A elaboração de um projeto de desenvolvimento sustentável deveria incorporar a preocupação com um maior espaço a ser conferido à tecnologia social. Mais do que nunca, o incentivo do Estado ao desenvolvimento das tecnologias sociais viria a cumprir com esse objetivo articulado de preservação do planeta e de melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.

(O artigo completo foi publicado no sítio Carta Maior e pode ser acessado, na íntegra, em http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5751&boletim_id=1353&componente_id=22406)

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Unesp lança nova edição dos Cadernos Cedem

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) lançou o novo número dos Cadernos Cedem - Centro de Documentação e Memória.

A publicação divulga artigos científicos, documentos e depoimentos sobre os movimentos sociais do Brasil contemporâneo, a história da educação pública superior e questões relacionadas à memória e à preservação documental.

A nova edição traz dois depoimentos colhidos por Anna Maria Martinez Correa que contribuem para a compreensão da história da universidade: do músico e professor titular do Instituto de Artes, John Boudler, e do geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber, falecido no ano passado, a respeito de sua experiência como diretor da Unesp em São José do Rio Preto, de 1979 a 1983

O artigo trata da revista Atlântico, editada na década de 1940 em uma parceria entre o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) - Portugal, e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) - Brasil.

O periódico difundiu uma imagem do mundo luso‐brasileiro compatível com os regimes autoritários dos dois países: o salazarismo e o varguismo.

Nos três artigos seguintes são discutidos temas relativos aos movimentos sociais e aos embates políticos. Em Negros e territórios quilombolas no Brasil, faz‐se uma oportuna revisão da historiografia do negro no Brasil, bem como de suas ligações com as comunidades quilombolas.

Segue-se um estudo a respeito da repressão ao PCB durante a ditadura civil militar (1964‐1982). “O último deste núcleo trata da participação popular na vida urbana de Guarapuava, PR, tendo como foco uma associação voluntária de moradores, criada em 1995”, disse Antonio Celso Ferreira, coordenador do Cedem e professor de História da Unesp de Assis.

Memória e preservação documental são debatidas em três textos que abordam a constituição do Arquivo de Memória Operária do RJ; a formação do Núcleo de Preservação da Memória, entidade fundada em 2001 para defender os interesses dos ex‐prisioneiros políticos do governo militar; e os processos da Justiça do Trabalho como fontes para o estudo dos embates judiciais na Zona da Mata de PE (1979-1980).

Mais informações: www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/cedem/issue/view/191.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Carta ao Leitor

Se olharmos 3 expressivos eventos ocorridos nos últimos meses  veremos que as conclusões são bastante semelhantes, todas envolvendo fortalecimento do setor de inovação como a saída para o enfrentamento do quadro global de crise econômica e a construção de modelos de desenvolvimento capazes de melhorar a vida das pessoas.

Na Rio +20 não foi desprezível a participação do setor empresarial e a mobilização da comunidade científica. Esta reuniu esforços para a criação do projeto internacional de pesquisa interdisciplinar do sistema terrestre para a sustentabilidade global (Future of Earth) cujo objetivo é prover, nos próximos dez anos, o conhecimento necessário para que as sociedades possam enfrentar os riscos das mudanças ambientais e desenvolver transições adequadas, a partir de uma maior colaboração entre as ciências naturais e as ciências sociais.

De 25 a 28 de junho realizou-se no Memorial da América Latina (SP) o simpósio internacional "Aperfeiçoando a gestão de recursos hídricos em um mundo em transformação: Academias de Ciências trabalhando juntas para ampliar o acesso à água e ao saneamento", organizado pela ABC (Academia Brasileira de Ciências) com o apoio da Rede Global de Academias de Ciências (IAP) e da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS), do próprio Memorial, além da Sabesp, Capes e Finep. Reunindo especialistas de 34 diferentes países apontou para a necessidade de uma maior articulação entre as Academias de Ciências, de forma que estas possam intensificar a cooperação internacional e assessorar os governos no desafio de se incrementar o acesso à água de boa qualidade e aos serviços de saneamento nos países em desenvolvimento.

E, finalmente, de 14 a 16 de agosto, foi a vez, em Brasília (DF), da 7ª edição do Congresso ABIPTI com o tema “Tecnologia para um Brasil inovador e competitivo”, reunindo um contingente expressivo da comunidade científico-tecnológica brasileira, em torno de 250 participantes, entre os seus 170 associados, além de membros do governo, técnicos e dirigentes, e da área privada/empresarial.

Fica patente a necessidade, expressa por vários conferencistas, de que um dos papéis fundamentais das EPDIs, entidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação - quer sejam os ambientes sob a forma de grupos/equipes/unidades/centros universitários de pesquisa, centros de educação tecnológica, os institutos de pesquisa tecnológica públicos ou privados, os institutos de pesquisa e desenvolvimento nas empresas -, precisam se articular com as demandas do setor produtivo, para que o conhecimento produzido sirva às questões práticas empresariais, transformando-se em tecnologias inovadoras em prol do desenvolvimento sustentável que a nação precisa perseguir para o seu próprio desenvolvimento e melhoria da competitividade no cenário global.

O cenário brasileiro hoje é especialmente rico em se tratando de estímulo à inovação. Há redes funcionando, como no caso do Sibratec/Sistema Brasileiro de Tecnologia e da Embrapii/ Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, ambos reúnem instituições de pesquisa tecnológica engajadas em projetos específicos, com apoio do governo federal via MCTI, configurando um instrumento de articulação e aproximação da comunidade científica e tecnológica com as empresas

Há de um leque expressivo de instrumentos voltados para a inovação, incentivos diversos expressos na legislação vigente, nova e ousada, mas ainda pouco utilizada, e o governo vem aprimorando os instrumentos para que ganhem escala a sua utilização e os seus benefícios para os empresários, uma vez que estudo recente da ABDI/Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial mostrou queda na taxa de inovação em processo e em produto na indústria brasileira nos últimos anos. Não se trata apenas de elevar os recursos com origem nos cofres públicos, o que é especialmente difícil em tempos de crise, mas também alavancar os esforços da iniciativa privada.

Enfim, os tempos são propícios à arrancada da inovação envolvendo o tripé academia/governo/empresa, talvez a grande aposta para melhorar os índices brasileiros da ainda intensa desigualdade socioeconômica brasileira, sendo o Brasil classificado como o 4 pais mais desigual da América Latina no recente relatório do programa ONU-Habitat. Um Brasil inovador e competitivo é a esperança de tempos melhores em todos os sentidos, interna e externamente.

No boletim ViaInTc - Setembro de 2012

Feira Ibero-americana da Ciência, Tecnologia e Inovação – Empírika 2012

O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizará, nos dias 23 a 25 de outubro, em São Paulo, a Feira Ibero-americana de Ciência, Tecnologia e Inovação – Empírika 2012.

Um evento itinerante internacional, realizado a cada dois anos, a feira de ciências foi lançada em 2010, na Espanha, como parte das comemorações dos 800 anos da Universidade de Salamanca, com a qual a FAPESP possui um acordo de cooperação científica para o desenvolvimento de projetos de pesquisa conjuntos entre pesquisadores e estudantes de pós-graduação do Brasil e do país ibérico.

O objetivo do evento é se tornar um fórum bienal para o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre ciência, tecnologia e inovação entre os países que compõem a Ibero-América.

Idealizada e criada pelo Centro de Estudos da Ciência, Cultura Científica e Inovação (Fundação 3CIN) da Espanha, a primeira edição da feira contou com a participação de 32 instituições científicas provenientes de seis países da Ibero-América, e com a visita de mais de 33 mil pessoas, além das mais de 52 mil visitas em seu site durante os dez dias de realização do evento.

Depois do Brasil, que sediará a primeira edição do evento fora de seu país de origem, a feira deverá ser realizada no México.

A edição brasileira do evento será realizada conjuntamente com a Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps) e contará com um espaço expositivo onde serão apresentadas ações e iniciativas de instituições científicas, tecnológicas e culturais, além de um espaço virtual, a Pólis Empírika, que permitirá a participação à distância em diversas atividades de caráter científico e educativo.

A Empírika 2012 contará ainda com atividades de cunho acadêmico, como seminários e palestras, bem como oficinas voltadas para diferentes tipos de público.

Mais informações: www.empirika.org.

(Com informações da Agência Fapesp)

No boletim ViaInTc - Agosto de 2012

MDIC inicia consulta pública sobre Política Nacional de Empreendedorismo e Negócios

Foi publicada no Diário Oficial da União Portaria nº 185 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que torna públicas as teses e diretrizes da Política Nacional de Empreendedorismo e Negócios (PNEN) e autoriza a realização de consulta pública sobre a Política.

A PNEN é uma iniciativa do governo federal, conduzida pelo MDIC e com o apoio de várias entidades públicas, privadas e do terceiro setor, que tem por objetivo estabelecer um marco normativo para o tratamento das questões relacionadas ao empreendedorismo e à promoção do ambiente favorável aos negócios.

A política, que constitui uma das medidas previstas no Plano Brasil Maior, atuará numa perspectiva transversal, incorporando elementos de governança, articulação e reforço das iniciativas já existentes, bem como de promoção de novos instrumentos de apoio ao empreendedor. O processo de elaboração do documento teve início com a realização de seminários e oficinas de trabalho realizadas em Brasília e seis outras cidades distribuídas em todas as macrorregiões brasileiras.

Com a finalização desta etapa inicial, que resultou no levantamento de teses preliminares para o desenvolvimento das diretrizes da política, o processo de consulta se amplia e aprofunda com o lançamento da Consulta Pública sobre as Teses e Diretrizes da Política Nacional de Empreendedorismo e Negócios. Poderão participar da consulta pública quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou estabelecidas no Brasil, mediante apresentação de comentários, críticas e sugestões.

Essas contribuições serão consolidadas, e incorporadas ao texto final da PNEN, que deverá resultar relevante e factível nas vertentes econômico-empresarial e social (com externalidades positivas na esfera ambiental), e congruente e harmonizado ao arcabouço jurídico-normativo-institucional do País, em especial ao PBM.

As sugestões podem ser enviadas por meio do site www.mdic.gov.br/empreendedorismo/consulta-publica.

(Com informações do MDIC)

No boletim ViaInTc - Agosto de 2012


Guia do HPV já está disponível na internet

Camisinha impede totalmente o contágio pelo papilomavírus humano (HPV)? Quais as doenças que o HPV pode causar? Existe cura? Como diagnosticar a infecção? Para responder a essas e a outras dúvidas muito comuns na população acaba de ser lançado o Guia do HPV.

A obra foi editada por especialistas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Doenças Associadas ao Papilomavírus (INCT-HPV), – financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – e coordenada por Luisa Lina Villa, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Villa conta que os textos foram originalmente reunidos para servirem de material de consulta para jornalistas que participaram de um workshop promovido pelo Instituto do HPV em junho, na Santa Casa de São Paulo.

“Agora estamos dando uma divulgação mais ampla, pois essas informações podem ser úteis para outros grupos, principalmente estudantes de pós-graduação, graduação e nível médio. Pode ainda auxiliar os pais a entender como agem as vacinas e quais são as outras formas de prevenção existentes, já que a imunização ainda não está disponível na rede pública”, disse.

Segundo a pesquisadora, o primeiro passo para se proteger é conhecer as doenças causadas pelo HPV. Entre os mais de 100 tipos diferentes do vírus, de 30 a 40 podem afetar as áreas genitais de ambos os sexos, provocando doenças como verrugas genitais, cânceres de colo do útero, vagina, vulva, ânus e pênis. Além disso, provocam tumores benignos e malignos na garganta.

“Muitas vezes a infecção é assintomática e as pessoas nem ficam sabendo que estão contaminadas, mas podem transmitir o vírus. Muitos também confundem o HPV com o vírus da hepatite ou com o HIV”, afirmou.

Apesar da desinformação ainda ser grande, a infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum. Estima-se que existam 600 milhões de pessoas infectadas no planeta. Entre 75% e 80% da população adquire um ou mais tipos de HPV em algum momento da vida.

O vírus se instala na pele ou em mucosas. Em qualquer tipo de contato com a área genital de uma pessoa infectada pode ocorrer à transmissão. Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também pelo contato com mão, pele, objetos, toalhas, roupas íntimas e até pelo vaso sanitário. Calcula-se que o uso da camisinha consiga barrar entre 70% e 80% das transmissões.

Mais informações no site www.incthpv.org.br/default.aspx

(Com informações da Agência Fapesp)

No boletim ViaInTc - Agosto de 2012

Blog Ciência Prática reúne dicas para pesquisadores

Após anos trabalhando como revisor de revistas científicas, muitas vezes tendo de corrigir erros semelhantes, o físico Eduardo Yukihara decidiu criar o blog Ciência Prática. Além de reunir dicas sobre como estruturar artigos, formatar gráficos e responder às críticas do revisor, o site se propõe a disseminar todo tipo de informação que possa ser útil no dia a dia de quem faz ciência.

Entre os temas já abordados estão como se comportar em uma entrevista de emprego nos Estados Unidos, como se candidatar a bolsas de pós-graduação em universidades norte-americanas, como preparar um pôster e aumentar o impacto das apresentações orais em conferências e até como estruturar o currículo.

Entre os principais erros cometidos na redação de artigos científicos, o físico destaca os problemas com a língua inglesa, gráficos mal preparados, incerteza nos dados e afirmações que não deixam claro se são baseadas nos resultados da pesquisa ou em pura especulação.

O blog foi criado em fevereiro de 2011 e, no primeiro mês, registrou 75 visitas. Atualmente, são cerca de 2,3 mil acessos mensais. Mas o professor ressalta que sua experiência é limitada e, para que as dicas sejam úteis não apenas para os estudantes de física, seria interessante contar com a participação de colaboradores de diversas áreas do conhecimento.

Ciência Prática: http://cienciapratica.wordpress.com.

(Com informações da Agência Fapesp)

No boletim ViaInTc - Agosto de 2012

Biblioteca Octávio Ianni amplia acervo com apoio da FAPESP

A Biblioteca Octávio Ianni, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluiu a aquisição de cerca de 25 mil títulos, garimpados em 29 países, reforçando o acervo que está entre os mais importantes da América Latina na área de ciências humanas.

A aquisição foi possível graças a apoio da Fapesp por meio da sexta chamada do Programa FAP-Livros. O programa tem o objetivo de apoiar a aquisição de livros, e-books e publicações em outras mídias, destinados à pesquisa científica e tecnológica.

A sexta chamada do FAP-Livros viabilizou a aquisição de cerca de 165 mil títulos para as bibliotecas de 175 instituições de pesquisa no Estado de São Paulo. As propostas aprovadas de unidades da Unicamp somaram 75 mil volumes solicitados, com um total de R$ 9,2 milhões concedidos pela FAPESP. A proposta de ampliação do acervo da Biblioteca Octávio Ianni, um dos maiores na história da unidade, recebeu cerca de US$ 1,5 milhão.

O destaque da aquisição é a coleção Brazil’s Popular Groups, composta por 332 rolos de microfilmes cobrindo o período de 1966 a 2009. Inédita no Brasil e na América Latina, a coleção foi idealizada pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com o objetivo de documentar os movimentos populares que surgiram durante a ditadura militar brasileira e com o advento da Nova República em 1985.

São boletins, jornais, relatórios, folhetos, cartazes, resoluções de congressos, manuais educativos e catálogos de publicações, em que todos os estados brasileiros estão representados.

Foram importadas também outras 12 coleções raras e especiais dos Estados Unidos e da Europa, antes disponíveis somente em bibliotecas e arquivos do exterior e que agora podem ser consultados no IFCH.

Entre outras raridades estão relatórios diplomáticos, despachos e telegramas do governo britânico abordando as relações com países da América Latina, incluindo o Brasil, no período de 1845 a 1956. Uma coleção de panfletos de Robert J. Alexander, do início dos anos 1940 até os anos 1980, traz 664 itens referentes ao Brasil, tratando de sindicatos, partidos políticos, direitos humanos e outros assuntos.

Em 642 microfichas estão 233 títulos raros dos séculos 16 ao 18, publicados principalmente em Amsterdã por sefarditas (descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha) refugiados da Inquisição. Mais 2.606 microfichas, sobre filosofia e artes liberais no início do período moderno, incluem obras de metafísica, matemática, ética, política, lógica e retórica, entre outros assuntos.

Da Itália vieram arquivos do Instituto Feltrinelli em 20 rolos de microfilme, além de periódicos importantes do socialismo italiano e internacional.

O enorme volume de títulos em papel obrigou à improvisação de uma área anexa para abrigá-los, mas apenas até a inauguração do novo e moderno prédio da Biblioteca do IFCH, com três amplos pavimentos, previsto para ser entregue em setembro.

Mais informações: www.ifch.unicamp.br/biblioteca.

(Com informações da Agência Fapesp)

No boletim ViaInTc - Agosto de 2012


Revista Pesquisa Fapesp: “Muito além das patentes”



Nos últimos seis anos, a Universidade Harvard (EUA) conseguiu melhorar seus indicadores relacionados à transferência de tecnologia.
O número de invention disclosures, documentos com a descrição de resultados de pesquisas para avaliar a possibilidade de sua proteção por meio de direitos de propriedade intelectual, aumentou de 180, no ano de 2006, para 351, em 2011.
No mesmo período, o número de patentes obtidas no escritório de marcas e patentes dos EUA subiu de 35 para 60, enquanto o de tecnologias licenciadas cresceu de 11 para 45.
O combustível dessa mudança foi uma reforma na estrutura e nas práticas do Escritório de Desenvolvimento Tecnológico (OTD) de Harvard, voltada para multiplicar a cooperação entre a universidade e o setor privado.
Não por acaso, subiu de 12 para 75 o número de acordos entre Harvard e empresas envolvendo a chamada pesquisa patrocinada, modalidade em que companhias financiam o trabalho realizado em um laboratório da universidade muitas vezes em troca de privilégio no licenciamento de descobertas resultantes.
O montante investido chegou a US$ 37,2 milhões em 2011, quatro vezes mais do que o total de 2006. Entre as empresas que celebraram parcerias estratégicas recentes com Harvard destaca-se, por exemplo, a Novartis, para desenvolver fármacos a partir de células-tronco junto com Lee Rubin, do Instituto de Células-Tronco de Harvard.
O movimento feito por Harvard é um fenômeno que se esboça nos escritórios de transferência de tecnologia de universidades.
Além das tarefas rotineiras, que consistem em identificar descobertas com potencial econômico e protegê-las por meio de patentes, esses escritórios abraçam várias outras atividades, como fomentar colaborações de pesquisa de longo prazo entre empresas e laboratórios, auxiliar na criação de empresas baseadas em tecnologias nascentes, arregimentar investidores privados para financiá-las, oferecer a consultoria de pesquisadores para a indústria e estimular o empreendedorismo já entre os estudantes de graduação.
Fabrício Marques/Revista Pesquisa Fapesp.
No boletim ViaInTC – Agosto de 2012

Ciência, tecnologia, inovação, vaca e leite



Ivan Oliveira, doutor em física pela Universidade de Oxford, pesquisador titular e coordenador da pós-graduação no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

A tecnologia é 'efeito colateral' da ciência básica. Persistência e paciência são fundamentais no financiamento de universidades e institutos que fazem pesquisa

O físico austríaco Guido Beck (1903-1988), pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) de 1951 até a sua morte, dizia que "querer a tecnologia mas não querer a ciência é como querer o leite mas não querer a vaca".

Ao longo da história, há vários exemplos. Vejamos alguns poucos:

1) O escocês James Maxwell previu, com suas equações, em 1873, a existência e a propagação de ondas eletromagnéticas. As ondas de rádio foram produzidas pela primeira vez por Heinrich Hertz, em 1888, dando partida às comunicações por rádio;

2) Einstein, em 1905, descobriu a sua famosa fórmula: e=mc2. A energia nuclear só passou a ser explorada a partir da década de 1940. Mais uma dele: em 1916, publicou a relatividade geral, que substituiu a teoria da gravitação de Isaac Newton. Hoje, o GPS emprega a relatividade para funcionar corretamente;

3) A mecânica quântica, formulada no primeiro quarto do século 20, é a base de toda a ciência dos materiais: semicondutores (matéria-prima dos chips de computadores), metais, isolantes, materiais magnéticos e nanotecnologia. Só nos EUA, estima-se que cerca de 40% do PIB decorre de inovações diretamente ligadas às aplicações da mecânica quântica, utilizada para produzir, por exemplo, computadores, eletrodomésticos e carros;

4) O inglês Tim Berners-Lee, ao solucionar um problema de transferência de arquivos de dados científicos entre computadores no maior laboratório de física básica do mundo, o CERN, no início dos anos 1990, inventou a internet;

5) Cristais líquidos (usados em monitores de TV, computadores, tablets) foram descobertos em 1888 pelo botânico Friedrich Reinitzer, quando estudava, na Universidade de Praga, propriedades do... colesterol!

A relação entre ciência, tecnologia e inovação segue uma ordem de causa e efeito que não pode ser invertida. Não se retira uma vaca de um copo de leite. É um grave equívoco pensar que se pode separar a atividade científica básica das soluções tecnológicas. A tecnologia é um "efeito colateral" da ciência.

Apenas no Instituto Tecnológico de Massachusetts, MIT, o número de patentes obtidas em 2011 foi de 160, contra 572 pedidos do Brasil inteiro no mesmo ano -em geral, nem todos os pedidos resultam em patentes concedidas.

Ao leigo, pode dar a impressão de que os cientistas do MIT passam o dia pensando em novas invenções.

Essa noção desaparece quando verificamos que, entre os 27 prêmios Nobel de Física que passaram pelo MIT (em um total de 63 daquela instituição), encontram-se nomes como o de Richard Feynman (1965), Murray Gell-Mann (1969) e Steven Weinberg (1979), todos dedicados à compreensão de fenômenos físicos fundamentais, sem qualquer viés aplicativo imediato.

A fórmula para a geração de tecnologia e inovação é simples. Coloque em um mesmo lugar cientistas, engenheiros e estudantes, em bom número, pesquisando, juntos, fenômenos básicos da natureza, com laboratórios, oficinas e bibliotecas bem equipados.

Não existe outra forma. Não é rápido, não é barato. Não gera dividendos políticos imediatos, não dá resultados em um par de mandatos. Tem de haver consistência no financiamento, persistência na aplicação da fórmula e paciência. No Brasil, ciência básica é produzida nas universidades e nas unidades de pesquisa de vários ministérios.

Soluções mágicas, impostas por manobras burocráticas, podem matar a nossa vaca, que tem saúde frágil. E, como se sabe, vaca morta não dá leite.

(Artigo originalmente publicado no jornal Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/55277-ciencia-tecnologia-inovacao-vaca-e-leite.shtml)

No boletim ViaInTC – Edição de Agosto de 2012

CARTA AO LEITOR - Boletim ViaInTC- Agosto de 2012



Merece comentários nesta carta ao leitor o significado que percebemos da 64ª reunião anual da SBPC - realizada no Maranhão. A edição deste ano teve como tema central Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para enfrentar a pobreza, e trouxe à tona o enfrentamento de nossos problemas sociais e econômicos a exigir o reconhecimento de um diálogo constante entre os diversos saberes.

A mesa dedicada à relação dos saberes tradicionais com a pesquisa científica, desenvolvimento de produtos e processos para enfrentar a pobreza traduziu a existência de um Brasil diverso, que necessita ser reconhecido e integrado, incorporado ao ambiente acadêmico e aos esforços científicos de construção do conhecimento.
Segundo o antropólogo Alfredo Wagner Berno de Almeida, da Universidade Estadual da Amazônia, “a emergência das biotecnologias modernas, da mercantilização da biodiversidade e do patrimônio genético mudou o jogo", conferindo valor econômico ao uso que antes não era considerado, devendo os saberes tradicionais ser normatizados, a fim de preservar e respeitar o direito desses grupos, o que está assegurado na Convenção 169 sobre povos indígenas e tribais da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Assim, há necessidade premente de modernização da legislação nacional, de maneira a contemplar e proteger essa herança para que seja incorporada à indústria de forma justa e igualitária.

Já a profa. Vanderlan Bolzani, da Unesp, reafirmou o conhecimento tradicional como uma valiosa fonte de investigação científica e tecnológica. Diz Bolzani que o conhecimento sobre plantas nativas em todas as culturas demonstra que elas podem ser benéficas ou maléficas, e a sua transformação em mercadorias depende do desenvolvimento de CT&I, hoje dominado por países europeus, pela China e pelos Estados Unidos.

O Brasil, afirma Bolzani, é um mercado em potencial na exploração de plantas medicinais por ser rico em biodiversidade, mas incipiente quando comparado ao mercado internacional, e detendo ecossistemas que precisam ser investigados.

O grande problema colocado durante a reunião da SBPC referiu-se à enorme precariedade da educação básica brasileira, cuja educação científica é incipiente, evidenciando um desamparo infantil concreto, mencionado pelo físico Sérgio Mascarenhas como um dos problemas mais graves e profundos do sistema educacional.

Trata-se de uma idade muito rica, onde o estímulo é fundamental e a criatividade da criança pode fazer dela um profissional com excelentes ideias e propostas. “A base na educação infantil garante um cidadão bem preparado, inclusive para enfrentar as adversidades de seu país", afirmou.

O cientista e divulgador da ciência, Antônio Pavão, diretor do Espaço Ciência do Recife, afirmou ser essencial levar a pesquisa para a escola, de forma a "ensinar ciências fazendo ciência. Queremos o estudante-cientista desde bem pequeno", declarou.  "A criança tem aquela característica de cientista de perguntar sempre e ter resposta para tudo. Não tem cabeça fechada, é aberta à argumentação. Mas quando cresce, deixa de ser cientista, porque a escola mata isso dentro dela." 

É emblemática a colocação feita pela profa. Suely Druck (UFF) ao declarar que embora no Brasil nos últimos anos o avanço da C&T tenha sido fantástico, o progresso na área de ensino de ciências na educação básica é extremamente pequeno em relação à sua necessidade, resultando na perda de muitas oportunidades por não ter uma boa educação nesta área. No entanto, ela afirma, os países estão de olho no Brasil, pois nenhum outro tem 50 milhões de jovens nas escolas e universidades, e muitas empresas e universidades do exterior priorizam os sul-americanos que têm mais facilidade de adaptação que os orientais. Para a professora, a exclusão científica e todos os danos que ela causa precisam ser combatidos seriamente e aponta que a sociedade brasileira aceita a exclusão, razão pela qual não caminhamos mais rápido do que poderíamos caminhar.

Resta saber se tais falas expressas pela comunidade científica e tecnológica brasileira irão ecoar e promover e influenciar medidas e políticas necessárias à melhoria da educação brasileira cujos reflexos são imediatos no desenvolvimento nacional da CT&I.