quinta-feira, 26 de agosto de 2010

‘Lynaldo Cavalcanti – Para Além das Palavras e dos Sonhos’ é lançado

25/08/10 - 20:34 - Atualizado em 26/08/10 - 00:41

Escritor e homenageado estiveram presentes. Professor se declara muito feliz com a homenagem Na noite desta quarta-feira , 25, teve início em João Pessoa, no auditório Máster do Sebrae, o III Encontro de Tecnologia da Informação e Comunicação (ETICO). Durante a abertura do evento ocorreu o lançamento do livro ‘Lynaldo Cavalcanti – Para Além das Palavras e dos Sonhos’, escrito por Ivan Rocha Neto. Tanto o escritor quanto o personagem-título estiveram presentes.

Cavalcanti disse ter ficado muito feliz com a homenagem e que o trabalho ficou muito bom. O livro é fruto de cerca de 30 horas de entrevista que deu quando estava no Cnpq. “Começa com a minha infância e cruza minha trajetória através de documentos e depoimentos”, explicou.

O professor conta que o autor lhe mandava algumas partes do livro enquanto escrevia e por isso ele pode dar sugestões, acrescentar ou corrigir informações. Junto com o livro saiu um CD contendo muito material que por uma questão de espaço ficou fora do livro.

Apesar de ter sido Ivan Rocha Neto o escritor, ele revela que a idéia remota de 2004 e partiu de um grupo de amigos do professor, mas em determinado momento o projeto empacou e aí ele assumiu as rédeas. Ele tentou mostrar o professor da forma mais humana possível.

“É um livro leve, sem muitas datas nem nomes. São fatos pitorescos selecionados cuidadosamente, muitas vezes tive que me conter para não contar tantas histórias. São ocasiões em que ele ajudou colegas, gestos de coragem, muitas coisas”, relatou Neto.

Cavalcanti chegou a participar das primeiras reuniões e deu informações muito ricas. “Não é uma biografia clássica, mas é um estilo de biografia”, resumiu o autor.

Monica Melo
WSCOM Online

Link Original - http://www.wscom.com.br/diversao/noticia/cursos-e-eventos/LIVRO+SOBRE+LYNALDO+CAVALCANTI+E+LANCADO-92485

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Desabrigados das enchentes de municípios

Desabrigados das enchentes de municípios alagoanos reclamam da burocracia das prefeituras e da Defesa Civil na distribuição de alimentos. A Secretaria de Assistência Social de Branquinha admite que só quem tem cadastro vai receber cesta básica.

A reportagem é de Ivan Marsiglia e está publicada no jornal O Estado de São Paulo, 04-07-2010.



Ao final da derrota do Brasil para a Holanda nas quartas de final da Copa do Mundo o presidente Lula mandou avisar que estava triste, mas “ficou pior quando viu a situação em Alagoas e Pernambuco, atingidos pelas chuvas”. De fato, nas últimas semanas, mesmo com a bola rolando na África do Sul, o País acompanhou chocado a tragédia das enchentes que mataram pelo menos 51 pessoas e deixaram cidades inteiras arrasadas no Nordeste. Calamidade que, no entanto, sugere a urbanista Fátima Ribeiro de Gusmão Furtado, coordenadora do Laboratório de Estudos Periurbanos (Lepur), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), incomoda politicamente menos do que parece prefeitos e governadores das áreas afetadas.

É no contexto de calamidade pública que “as autoridades locais dizem precisar de apoio e ganham visibilidade para a sua demanda”, alerta a professora, que fez doutorado na Universidade de Londres em 1996. Uma demanda expressa em verbas federais sem licitação. Entretanto, para essa paraibana de 53 anos, criada no Recife, “o problema é mais de gestão que de obra”. No caso, o planejamento necessário do homem para enfrentar as chuvas que São Pedro manda todos os anos - e cada vez mais fortes.

Na entrevista a seguir, Fátima Furtado diz que o flagelo das águas que atinge hoje a região historicamente conhecida pelas secas poderia ter sido evitado, com obras básicas de saneamento, um controle mais rigoroso das encostas e uma administração responsável das bacias hidrográficas.

O que a tragédia das enchentes em Pernambuco e Alagoas revela sobre o desenvolvimento urbano dessas regiões?

Muita coisa. E a mim, pessoalmente, não surpreende que tenha ocorrido. Foi inusitado apenas pela violência da enxurrada. Mas o fenômeno das enchentes, conhecido nas cidades que são cortadas por rios, passa a ser trágico por conta da má qualidade da gestão das áreas ribeirinhas e de outros serviços infraestruturais das cidades.

A que tipo de problema a sra. se refere?

A questão principal é o uso do solo nas margens dos rios e nas encostas. A Zona da Mata, tanto de Alagoas como de Pernambuco, é uma área de muitas chuvas, de precipitações fortes que às vezes se concentram em um espaço de tempo menor, causando inundações. Mas seus efeitos são maximizados por problemas evidentes de gestão das cidades: se você não controla a construção de moradias nessas áreas, se não cuida da conservação da cobertura vegetal ou permite o acúmulo de lixo, por exemplo.

Falou-se muito nas barragens que transbordaram, intensificando a força das águas. Foi um fator determinante?

Ainda se procura saber qual foi o papel dessas barragens na tragédia. Mas não vejo grande relação. Recife é uma cidade que fica na foz de um rio e sofreu com inundações seriíssimas durante anos, até a construção de barragens que diminuíram a vulnerabilidade da cidade. O que chama a atenção agora é a quantidade de barragens e de pontes destruídas. Claro que isso fala da violência e do volume das águas, mas também leva a questionar a qualidade dessas obras de engenharia. Mais de cem pontes arrastadas? Começo a desconfiar... É preciso avaliar como foram projetadas essas obras, se elas previam esse tipo de situação ou se o problema foi de má conservação.

A sra. tem um trabalho dedicado aos resíduos urbanos. A questão do lixo teve influência na extensão dos estragos?

Sim. Houve claramente, nessas áreas ribeirinhas, um problema de má gestão de resíduos municipais. O lixo, quando não bem coletado, é jogado nas encostas, escadarias e canaletas - até porque a coleta em áreas muito inclinadas tende a ser bastante precária. E esse lixo é prejudicial de duas maneiras: mata a cobertura vegetal que segura o solo e, principalmente quando molhado, coloca muito peso na encosta. Por isso, tende a provocar deslizamentos que de outra forma não ocorreriam.

Quais são as grandes obras estruturais de que o Nordeste necessita para fomentar seu desenvolvimento urbano?

Eu não diria que são grandes obras, mas obras básicas de saneamento: esgotamento sanitário, coleta de lixo, abastecimento e drenagem de águas pluviais. Desses quatro serviços fundamentais, o abastecimento d’água é o que temos em melhor situação hoje. Em termos de prioridade, colocaria primeiro o esgotamento sanitário e a drenagem, seguidas de perto pela coleta de lixo.

Há quem critique uma certa cultura clientelista nessas cidades, que tendem a aguardar a ‘verba federal’ em vez de tomar iniciativas para o desenvolvimento urbano. Certamente. A Constituição determina quais são as competências de cada ente federativo. A questão da drenagem e da limpeza urbana são de responsabilidade municipal. Já o abastecimento d’água varia - aqui no Nordeste tende a ser feito pelo governo estadual. Já as grandes obras estruturais e a política habitacional, por exemplo, ficariam a cargo do governo federal. É preciso uma postura mais proativa de todas essas instâncias e não ficar passivamente aguardando que chovam verbas federais. O Ministério das Cidades tem políticas públicas e, no caso de situações extremas como a que atingiu o Nordeste agora, também foi feito um plano federal de prevenção de inundações. Mas o problema é mais de gestão do que de obra.

Por quê?

Primeiro, não adianta fazer as obras se elas não forem bem conservadas. Precisamos criar a cultura da conservação nas cidades e nos Estados. Manter obras não traz vantagem nenhuma, pouquíssima visibilidade. Então os governos constroem e deixam acabar. Uma gestão melhor viria evitar o custo da eterna reconstrução de obras. E ter uma política habitacional vinculada à gestão do solo: qualquer financiamento deveria estar condicionado ao plano diretor das cidades. Não basta dizer que falta fiscalização para retirar a população que vive em áreas de risco. É preciso dar alternativas razoáveis para que elas os desocupem. E outra questão que precisa ser levantada neste momento é a dos comitês de bacia: os rios são vasos comunicantes e precisam ser gerenciados em conjunto. Temos uma boa legislação a respeito, mas há bacias no Nordeste sem nenhum comitê para controlá-las. Repito: a gestão das cidades e das bacias hidrográficas tem peso maior no que está ocorrendo hoje do que a falta de obras de infraestrutura ou uma suposta mudança climática inesperada.

Quando uma catástrofe como essa acontece, a pressão política sobre as administrações aumenta?
Na verdade, não. Essa situação é uma tragédia e uma tristeza para as populações, mas para as administrações, nem tanto. Primeiro, porque é fácil dizer que “a culpa é de São Pedro, que mandou chuva demais”. Segundo, as autoridades locais dizem que precisam urgentemente de apoio e ganham visibilidade para sua demanda. E, quando a verba federal chega, sem licitação, em caráter de urgência - declara-se logo que é calamidade pública - isso pode ter grandes vantagens políticas. A situação só vai se reverter quando as populações locais tiverem instrumentos e consciência política para responsabilizar as autoridades.

Nem em ano eleitoral isso melhora?

Eventos com essa gravidade têm uma repercussão grande nas comunidades e, em ano eleitoral, é claro que as sensibilidades ao clamor popular são maiores. O que me preocupa mais é o momento fora do período eleitoral, em que os administradores não são instados a tomar as medidas de prevenção que poderiam evitar esse tipo de catástrofe. A inação política em tempo de calmaria é a mais danosa.

As imagens do presidente Lula sobrevoando a região e sendo recebido como o homem providencial a socorrer o povo nordestino correram o País. Como evitar a utilização política desses flagelos?

O que existe hoje em termos de representação política no País não estimula a criação de canais para que a população possa se manifestar ou fiscalizar os recursos em um momento de urgência como esse. Tampouco existe uma cultura do cidadão nordestino cotidianamente se envolver com a gestão da cidade onde vive. A necessidade de gestão de seus próprios problemas é tão grande que ele termina por não participar. Se você pega o plano de prevenção de inundações do governo federal vai ver que, do recurso orçado originalmente, o que foi efetivamente usado é irrisório. O orçamento fala de uma disponibilização de recursos, mas uma parte ínfima é executada - às vezes menos de 10%. Além disso, a distribuição desses recursos é concentrada em certos Estados segundo parâmetros políticos - deixando de lado justamente aqueles que qualquer estudioso do assunto aponta como mais problemáticos.

Se o regime de chuvas está efetivamente mudando no Nordeste, já existem fóruns de discussão para o problema urbano nesse novo contexto?

A questão do clima, que estamos discutindo tanto dentro do Lepur como em outros fóruns acadêmicos e do governo, ainda se dá muito no nível das intenções e de propostas de mudança para a legislação. Em termos de ações efetivas, é muito pouco. Há variáveis demais envolvidas no debate, que mudam da Zona da Mata para o agreste, de uma cidade grande para uma pequena. Então, precisam ser tratadas no varejo, daí a dificuldade. A gente sente, até o cidadão comum percebe, que esse regime de chuvas está mudando. Mas o que isso significa em termos práticos na gestão das cidades? Para começar, as escalas são muito diferentes: quando os climatologistas falam no médio prazo estão pensando em 300 anos. Para a gestão de cidades, médio prazo é a metade de um mandato, dois anos. Há uma discrepância também entre as informações climáticas regionais, referindo-se, por exemplo, à América do Sul, e sua tradução, digamos, no clima do Recife ou de Maceió. Esse esforço de compreensão das consequências locais dos fenômenos globais ainda está engatinhando, embora seja premente: vamos ter que acelerá-lo porque a natureza vai obrigar.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Humanidades puxam expansão da pós-graduação no Brasil

04/07/2010 - 10h20
Humanidades puxam expansão da pós-graduação no Brasil
Publicidade
RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO


O doutorando brasileiro está cada vez mais interessado em Machado de Assis e menos em relatividade.

Ao menos é isso o que sugere um novo levantamento do governo. Ele mostra que a expansão da pós-graduação brasileira é puxada, em primeiro lugar, pelo aumento de doutores nas humanidades, e não nas ciências exatas e biológicas.

Em 1996, as ciências exatas e da Terra ocupavam o segundo lugar entre as áreas que mais formavam doutores no país, com 16,1%. Em 2008, caíram para o sexto lugar, com 10,6%.

O tombo das engenharias foi menor. A área se manteve como a quinta que mais forma doutores, mas a sua fatia caiu de 13,7% para 11,4%. Redução similar teve a área de ciências biológicas.



"Se olharmos as áreas que cresceram menos, elas ainda cresceram muito", diz Eduardo Viotti, que coordenou o estudo, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

"É difícil criar doutorados em áreas de ciências exatas, da Terra e engenharias. Eles exigem laboratórios, não são cursos que precisam apenas de cuspe e giz", brinca.

"O custo mais baixo estimula as escolas particulares a abrir cursos nessas áreas. Os novos dados não me surpreendem", diz o especialista em política científica Rogério Meneghini, coordenador de Pesquisas do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Opas-OMS).

Não foi só por causa das particulares que o número de doutores disparou, porém. Nesses 12 anos, as universidades federais aumentaram em mais de cinco vezes o seu número de doutores.

Em 2005, aliás, elas ultrapassaram as estaduais e se tornaram as instituições mais importantes na pós-graduação do Brasil.

Algumas estaduais, porém, como a USP e a Unicamp, ainda concentram grande parte das matrículas no país (veja abaixo). E, apesar do crescimento das federais, o país ainda tem apenas 1,4 doutor por mil habitantes, enquanto os EUA têm 8,4, e a Alemanha, 15,4.

MUDANÇA DE RUMO

Para Carlos Aragão, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a queda relativa na formação de quadros em ciências exatas é preocupante.

"Formar cientistas e engenheiros é fundamental para que exista inovação tecnológica nas empresas", afirma.



Além disso, pondera, áreas estratégicas para o país precisam dessas pessoas, como o programa espacial, o programa antártico, a política nuclear, as questões que envolvem clima, energia e agricultura e o pré-sal.

Segundo ele, o CNPq tem procurado apoiar a formação de engenheiros e cientistas lançando editais voltados para essas áreas, assim como facilitando o acesso a bolsas a alunos que se interessarem pelas áreas. "É necessário corrigir essa distorção", diz.

Os especialistas concordam, porém, que pode acontecer um movimento natural de fortalecimento das áreas que envolvem números.

"Nos últimos 20 anos o país não cresceu muito, não havia muito emprego ou interesse nas áreas de engenharia ou ciências da Terra. Direito, economia e administração, por exemplo, eram as áreas onde havia mais possibilidade de os doutores se empregarem", diz Viotti.

Com a economia do país se aquecendo e com empregos sobrando nas áreas de infraestrutura, o próprio mercado de trabalho pode incentivar alunos a buscarem as áreas de exatas, portanto.

(*Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/761643-humanidades-puxam-expansao-da-pos-graduacao-no-brasil.shtml )

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Semana Nacional de Museus 17 a 23 de maio de 2010


O evento da Semana Nacional de Museus faz parte da agenda de eventos permanentes do IBRAM e ocorre durante uma semana, sempre no mês de maio, em comemoração ao Dia Internacional dos Museus, dia 18/05. O propósito é mobilizar os museus brasileiros a aderirem ao tema da Semana, a partir de um esforço de concertação de suas programações por um período específico, intensificando a relação desses com a sociedade.

Desde a sua primeira edição, em 2003, a Semana Nacional de Museus já divulgou a programação de 2.445 instituições museológicas, envolvendo 7.473 eventos, entre seminários, shows, exposições, visitas guiadas e palestras, exibição de filmes e documentários.

A 8ª Semana Nacional de Museus acontece de 17 a 23/05/2010. O prazo de registro nesse evento encerrou em 4 de março de 2010.

O IBRAM adota para o evento o tema do Dia Internacional dos Museus escolhido pelo Conselho Internacional de Museus -ICOM, que este ano é "Museus para harmonia social". Para acesso a textos referentes ao tema, favor acessar o link http://icom.museum/doc/imd2010_links.html.

Informações adicionais: Coordenação de Difusão e Desenvolvimento de Parcerias – (61) 20246207 e (61) 20246234.

Confira a programação na sua cidade: http://www1.museus.gov.br/IBRAM/pag/semana_museus.asp

quarta-feira, 24 de março de 2010

Cerrado e Pantanal podem ajudar no desenvolvimento sustentável

A formação de pesquisadores especializados na biodiversidade do Cerrado e do Pantanal foi um dos temas principais da abertura oficial da Conferência Regional de Ciência e Tecnologia do Centro-Oeste, nesta segunda-feira, dia 22

O encontro, preparatório para a 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), termina nesta terça-feira, dia 23, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT).

O secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Luiz Antonio Elias, destacou que as particularidades de cada região são importantes para construir uma política pública forte e consolidada. "Não podemos fazer uma política nacional sem conhecer as particularidades e necessidades de cada região. O Plano Nacional de C&T é para todo o Brasil", disse.

O Cerrado abrange 2.055.034 km², dos quais 57% estão no Centro-Oeste. Já o Pantanal ocupa mais de 60% de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os dois biomas abrigam um rico patrimônio de recursos naturais. O secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Chico Daltro, foi categórico: "Aqui [no Cerrado e no Pantanal] temos valores científicos capazes de contribuir para o desenvolvimento sustentável para o país."

Nesta segunda-feira, dia 22, os participantes foram divididos em quatro grupos. Na tarde desta terça-feira será elaborado o documento com as propostas finais do evento. Para o secretário de Ciência e Tecnologia de Goiás, Joel Braga Filho, o diferencial do Centro-Oeste são os biomas. "Esperamos levar o que é de mais importante para o uso sustentável do Cerrado e do Pantanal em prol da CT&I nacional. Para isso, precisamos de profissionais capacitados e conhecedores da nossa biodiversidade", avaliou.

Rede Pró Centro-Oeste

O secretário executivo Luiz Elias lembrou que o governo investe na formação de profissionais qualificados e especializados no Cerrado e no Pantanal. Em 2009 foi criada a Rede Pró Centro-Oeste de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação. Quinze instituições de ensino superior dos três estados e do Distrito Federal participam da rede de pesquisa, que objetiva aumentar o número de estudos sobre os dois biomas.

A Rede Pró Centro-Oeste terá ainda 452 pesquisadores e 25 instituições públicas e privadas. Outro destaque do projeto é aumentar a quantidade e a qualidade das teses e dissertações acadêmicas sobre biotecnologia e geodiversidade e biodiversidade dos biomas.

A conferência regional do Centro-Oeste é o segundo evento preparatório para a 4ª CNCTI a ser realizado. Na semana passada, Belém (PA) sediou o encontro da Região Norte. Ainda nesta semana, Porto Alegre (RS) sedia o evento da Região Sul, nos dias 25 e 26). Na sequência, ocorre em Vitória (ES), nos dias 30 e 31, a Conferência Regional do Sudeste. Por fim, Maceió (AL) sedia o encontro regional do Nordeste, dias 15 e 16 de abril.

(Assessoria de Comunicação do MCT)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Amazônia precisa de mais capital intelectual, reiteram gestores

Segunda-Feira, 22 de março de 2010
JC e-mail 3973, de 22 de Março de 2010.
Amazônia precisa de mais capital intelectual, reiteram gestores

2ª Conferência Regional Norte de Ciência, Tecnologia e Inovação terminou na sexta-feira, 19 de março.

"Sabemos do que a Amazônia precisa. Um dos grandes gargalos é a falta de capital intelectual. Não há outra forma de tirar proveito das riquezas da região se não for por meio da geração de conhecimento". A declaração é do diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Teixeira Sena, durante a 2ª Conferência Regional Norte de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo ele, não há nada de novo nos discursos sobre a Amazônia, bem como na formação de recursos humanos e investimentos. Isso ocorre porque o que é dito não está tendo ressonância. "Estou cansado de ouvir falar sobre a Amazônia sem que isso se reverta em ações. Os resultados obtidos foram por meio de iniciativas próprias dos Estados do Amazonas e do Pará, por exemplo", salientou.

De acordo com Sena, o problema da falta de ressonância ocorre porque não há compreensão do brasileiro sobre o que representa a Amazônia. Ele explicou que falta compreensão, sensibilidade e ações políticas, como as que criaram a Universidade de Campinas (Unicamp) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). "O resto do Brasil já pagou caro pelo crescimento de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro", frisou.

Durante a conferência, Sena apresentou os resultados dos investimentos feitos pelo Governo do Estado, por meio da Fapeam, formação de recursos humanos, infra-estrutura para laboratórios, grupos de pesquisa. Claro que, segundo ele, muito já foi feito, mas é pouco para o que a Amazônia precisa.

"De 2003 a 2009, o Amazonas investiu mais de R$ 198 milhões em ciência. Desse total, as instituições mais beneficiadas foram o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa, com R$ 53,27 milhões), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam, com R$ 48,5 milhões) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA, com R$ 25,5 milhões)", informou e acrescentou que a região está vivendo um momento diferente, todavia, é indiscutível dizer que a região ainda carece de recursos.

Não há outra saída a não ser considerar a Amazônia como estratégica, defendeu Sena. Ele reforçou que é preciso assumir o desafio de reduzir desigualdades, como aumentar o número de mestres e doutores e incentivar que outras instituições também façam pesquisa. O presidente da Fapeam citou como exemplo os casos bem sucedidos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), Hemoam.

A diretora técnico-científica da Fapeam, Patrícia Sampaio, lembrou que a Amazônia permaneceu separada do Estado brasileiro por mais de 200 anos e compõe esse Estado que insistimos de chamar de nacional. Por isso, é preciso reconhecer que se deve reunir esforços para homogeneizar formação de recursos humanos e doutores para desenvolver a região. "Temos que marcar posição, precisamos formar competências, mas não temos pesquisadores suficientes", frisou.

Todas as ações implementadas pela Fapeam são realizadas por meio de bolsas, ressaltou Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia (Musa). Ele salientou que não há como viver dependendo sempre das bolsas de doutorado. É preciso negociar ações políticas para a criação de vagas para as instituições de ensino e pesquisa do Norte. "A Receita e a Polícia Rodoviária Federal conseguem. Por que as instituições de pesquisa não conseguem?", questionou.

Segundo Candotti, é preciso oferecer emprego para fixar os doutores na Amazônia por meio de uma política de longo prazo. Dessa forma, será possível transformar o Polo Industrial de Manaus em um local produtor de tecnologia. "É um desafio, mas precisa ser feito", observou.
(Com informações de Luís Mansuêto, da Agência Fapeam)

Evento reuniu cerca de duas mil pessoas

A grande participação do público na 2ª Conferência Regional de Ciência e Tecnologia é reflexo da importância que a região norte tem para a construção de políticas públicas do setor, específicas para a Amazônia.

De acordo com os números da organização do evento, foram quase dois mil participantes vindos de todos os Estados da região Norte, incluindo a cidade de Belém, além de pesquisadores do Distrito Federal, Paraíba, Piauí e Rio de Janeiro.

O coordenador do evento, professor Roberto Limão atribui a grande participação no evento ao fato da sociedade querer participar das decisões no âmbito da busca por políticas em CT&I, além da facilidade de inscrição pela internet.

"Os dois grandes motivadores para o grande número de participantes foram o próprio processo de inscrição pela internet, que permitiu qualquer pessoa, de qualquer lugar, se inscrevesse sem nenhum problema e o interesse maior das pessoas em participar das decisões de sua região", afirma Limão.

Maria de Lourdes Azevedo, da Secretaria de Estado do Planejamento de Rondônia, afirma a importância na participação do evento para as decisões de políticas públicas em CT&I na Região.

"O evento é importante para a ciência e tecnologia na busca de recursos para a aplicação na nossa região, e estar aqui possibilita detectar as dificuldades em comum a cada Estado, juntar forças para assim levar a proposta para o evento Nacional", argumenta a professora.

A necessidade de representar o seu Estado na CRCTI também é lembrada por Margareth Barbosa, bióloga da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre. "É necessário para a dinâmica do evento a participação de todos os estados, e o Acre não poderia ficar de fora dos trabalhos dessa conferência regional, já que irão representar toda a região Norte", diz a bióloga.
(Informações da Assessoria de Comunicação da Fapespa)


sexta-feira, 19 de março de 2010

Programa Família No Museu

Clique na imagem para vê-la em tamanho maior

quarta-feira, 17 de março de 2010

Formação de Engenheiros

terça-feira, 16 de março de 2010
Postado por Roberto Lobo
no blog

No dia 25 de agosto de 2009, postei aqui uma matéria sobre a necessidade de aumentar o número de engenheiros formados para que não houvesse carência destes profissionais durante o período que pode se caracterizar pelo esperado crescimento econômico do Brasil.A matéria, pouco modificada, foi publicada na Folha de São Paulo, que no dia seguinte apoiou a idéia em seu editorial. Pouco depois, fui chamado para apresentar estas idéias no programa dirigido por José Paulo de Andrade, “Manhã Bandeirantes”.
Pouco depois, em Brasília, comentei o tema com o professor Jorge Guimarães, presidente da CAPES, que me informou que havia um grupo pensando neste assunto, que imediatamente incorporou minha proposta. Com a Presidência da CAPES e este grupo, a idéia apresentamos ao Ministro Haddad, que foi muito receptivo.
Foi solicitado, então, pelo Ministro que o grupo preparasse uma proposta formal. Para isso, foi criado um grupo de trabalho específico pela presidência da CAPES em 5 de fevereiro de 2010, do qual fiz parte, juntamente com os coordenadores de área de Engenharia da CAPES, do CNI e das instituições comunitárias.
O projeto, denominado “Plano Nacional Pró-engenharia”, foi entregue pelo grupo acima descrito, juntamente com o professor Jorge Guimarães, ao Ministro da Educação no dia 25 de fevereiro último.

Deficiência no ensino dificulta formação de engenheiros

(Agência Senado)

Escassez de mão de obra especializada nas áreas de engenharia foi tema de audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, nesta segunda-feira, dia 15

As deficiências existentes no ensino médio brasileiro foram apontadas pelo diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, como causa principal da escassez de mão de obra especializada nas áreas de engenharia no país. Ele foi um dos participantes da audiência pública sobre os desafios, necessidades e perspectivas da formação e capacitação de profissionais da área de engenharia no Brasil.

"Há restrições importantes no sistema de formação de recursos humanos no Brasil e, quando se fala de formar pessoas no nível de ensino superior, talvez a principal restrição não seja falta de vagas no ensino superior, mas falta de qualidade e quantidade de jovens cursando o ensino médio", disse.

Brito Cruz defendeu, como estratégia para o aumento urgente da formação de engenheiros no país, a implementação de cursos de especialização curtos, nos moldes dos existentes nos Estados Unidos. O professor criticou ainda a política educacional desenvolvida pelo governo federal, que segundo ele, privilegia os órgãos de educação federais, deixando de lado importantes instituições municipais e estaduais.

Edinaldo Afonso Marques de Melo, professor da Universidade Federal de Alagoas, reclamou uma participação mais ativa do setor produtivo na formação de profissionais de engenharia no país. Em sua opinião, as empresas do setor deveriam, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, buscar seus empregados ainda na faculdade, realizando seleções e oferecendo estágios aos estudantes de engenharia.

O professor alertou aos parlamentares sobre a necessidade de se elevar o piso salarial dos engenheiros no país para se evitar a evasão na profissão. Ele considerou de relativa importância para o bom desempenho da profissão de engenheiro a titulação acadêmica de mestrado ou doutorado.

Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacou a forte correlação existente, de acordo com estudos desenvolvidos pelo instituto, entre pesquisa e desenvolvimento e a demanda das empresas por engenheiros. Ela observou que de 750 mil diplomados em engenharia existentes atualmente no Brasil, apenas 212 mil estão exercendo a profissão.

A pesquisadora chamou a atenção ainda para a importância de se determinar os tipos de engenheiros mais demandados atualmente para sustentar o crescimento do país previsto para os próximos anos. Segundo ela, o fluxo de formação de engenheiros no Brasil é capaz de atender o crescimento da demanda, desde que as taxas de crescimento do PIB não ultrapassem 5%.

Michal Gartenkraut, ex-reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), se referiu ao desafio da melhoria da qualidade da formação dos profissionais de engenharia. Em sua avaliação é importante que o Brasil acompanhe a tendência mundial de se retardar a especialização dos estudantes, evitando a escolha prematura de profissões.

Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), defendeu a necessidade de se incrementar a qualidade da educação básica no país, para que se tenha profissionais de engenharia mais qualificados.

(Laércio Franzon, Agência Senado)

quarta-feira, 10 de março de 2010

Plano para o Nordeste fomenta debate sobre desigualdade regional

JC e-mail 3965, de 10 de Março de 2010

Em gestação na Câmara dos Deputados, o Plano de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para o Nordeste já foi apresentado ao MCT e deverá ser exposto aos governadores da região no final do mêsO ponto central do debate recai sobre os melhores mecanismos para combater as desigualdades. O plano de desenvolvimento, relatado pelo deputado Ariosto Holanda (PSB-CE), parte da constatação de que o principal instrumento de desconcentração regional dos fundos setoriais - a vinculação de 30% dos investimentos a projetos das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste - não tem funcionado plenamente.

Segundo cálculos do gabinete do deputado, em oito anos, essas regiões deixaram de receber R$ 578 milhões. A principal explicação reside nas dificuldades em atender a exigências dos editais nacionais.Na avaliação de Holanda, o quadro de desigualdade só será revertido com mudanças nas "regras do jogo". Para ele, a lógica de chamadas públicas nacionais operadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) trata "igualmente os desiguais".

A principal proposta contida no termo de referência do plano - lançado em janeiro e apresentado ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, em 2 de fevereiro - é a separação dos recursos dos fundos setoriais para projetos do Nordeste. O valor capitalizaria o futuro Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste (FDCTN), que ainda receberia aportes de emendas parlamentares e de outras fontes."Os recursos terão sua origem nos fundos setoriais federais, nos fundos estaduais, nas emendas ao orçamento da União e outros", diz o termo de referência. O texto dá a entender que até os recursos das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) seriam canalizados para o novo fundo. Mas, em entrevista, o deputado Holanda garantiu que não - segundo ele, haveria até a possibilidade de o futuro FDCTN reforçar o caixa das FAPs e induzi-las a investir mais.As mudanças na "regra do jogo" propostas por Holanda incluem ainda a criação do Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Nordeste (CDCTN) e o aumento da ênfase na extensão tecnológica.

O conselho seria o gestor do novo fundo, estabelecendo prioridades e definindo os projetos a serem apoiados. Presidido pelo ministro da Ciência e Tecnologia, nele atuariam governadores, secretários estaduais de C&T, dirigentes das FAPs, governadores, representantes das agências de fomento federais e da comunidade científica.Já a ênfase da extensão tecnológica é um traço marcante da atuação parlamentar de Holanda. Para ele, a política científica precisa ser massificada e associada à educação para cumprir sua função social.

"É preciso conscientizar a academia para valorizar a extensão", disse.CríticasAqui residem os dois pontos mais problemáticos do plano, na avaliação de membros da comunidade científica: introduzir mudanças na gestão científica dos recursos para C&T e mudar seu foco em prol da extensão tecnológica.Alguns dirigentes, como o presidente da FAP de Pernambuco (Facepe), Diogo Simões; o secretário executivo de Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma) do mesmo estado, Anderson Gomes; e o diretor-presidente da FAP de Sergipe (Fapitec/SE), José Ricardo de Santana, louvaram a iniciativa de um plano que aumente os investimentos em C&T no Nordeste, mas fizeram ressalvas ao seu formato.Em geral, as críticas concentram-se na ideia de criar uma nova instância burocrática - o CDCTN - para decidir sobre a aplicação dos recursos. "A operação dos fundos pela Finep já tem institucionalidade", opinou Santana, da Fapitec/SE. Para o secretário regional da SBPC no Ceará, Marcelino Pequeno, da forma como está apresentado, o plano cria um "ministério" em separado para o Nordeste.

Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Fotônica, Cid Bartolomeu de Araújo avaliou por e-mail que "transferir recursos nacionais para decisão local pode ser muito perigoso a médio e a longo prazo", pois "a contaminação das avaliações por pressões políticas será inevitável", escreveu o físico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).De acordo com o deputado Holanda, os detalhes da gestão científica do novo modelo ainda estão em aberto. Sua ideia é debatê-los no âmbito do futuro conselho, num processo liderado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Os pontos em aberto no termo de referência saltam aos olhos.Em primeiro lugar, qual percentual dos fundos setoriais seria destinado ao Nordeste? Para Holanda, o tema tem que ser debatido com parlamentares do Norte e Centro-Oeste, usando como referência o tamanho das populações ou o número de instituições científicas. Em seguida, quem operaria o novo fundo?Segundo o deputado, o "agente financeiro seria uma parceria entre o Banco do Nordeste (BNB) e a Finep", mas Holanda não abre mão da definição das prioridades por parte do futuro CDCTN - aí entra a questão no foco na extensão tecnológica.O termo de referência do plano ocupa sete de suas 20 páginas com exemplos de programas e projetos.

A ideia é que cada estado desenvolva um plano local de prioridades para levar ao conselho de gestão do novo fundo. No entanto, para Simões, da Facepe, é "um pouco precoce determinar finalidades" para o futuro fundo.Embora Holanda garanta que a lista não esgota as possibilidades, a lista de projetos tende para a extensão tecnológica. "A extensão tecnológica é necessária para o país, mas isso não se confunde com a pesquisa", afirmou Pequeno, da SBPC no Ceará. Para o professor do Departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará, os investimentos em extensão tecnológica não precisam ser feitos com mudanças na finalidade dos fundos setoriais, em detrimento da pesquisa básica.Grupos locaisPara muitos, a diminuição das desigualdades depende do fortalecimento de grupos de pesquisa locais, trabalho de longo prazo. Anderson Gomes, da Sectma/PE, lembrou que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desde o segundo semestre do ano passado, universalizou a oferta de bolsas no Norte e Centro-Oeste. "O mesmo deve ocorrer em breve para a região Nordeste", escreveu por e-mail Gomes, que também é coordenador da área de Astronomia/Física da agência.S

imões, da Facepe, destaca que a descentralização da liberação de recursos por meio das FAPs já é feita pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Capes e pela Finep. Uma das possibilidades seria repassar para as fundações estaduais os recursos que "sobram" por falta de demanda qualificada.Ao refutar a proposta, o deputado Holanda devolve o debate para a questão do foco na extensão tecnológica. "As FAPs estão preocupadas com segmento da mais alta importância, a pesquisa, mas elas não aceitam recursos destinados a projetos de extensão", disse o deputado, para quem o movimento de aprovação de leis estaduais de inovação é lento e esbarra na falta de capitalização das fundações.

O próximo passo na consolidação do plano será uma reunião dos governadores do Nordeste, marcada para o fim de março. À comunidade científica está colocada a possibilidade de participar do debate - que, com a agenda legislativa dominada pelas eleições, deverá ser longo.

(Vinicius Neder)

Nota da redação: Esta matéria foi publicada na edição 661 do "Jornal da Ciência", que tem conteúdo exclusivo. Informações sobre como assinar a edição impressa pelo fone (21) 2295-5284 ou e-mail jciencia@jornaldaciencia.org.br

segunda-feira, 8 de março de 2010

Pobre região rica

Publicação: 07 de Março de 2010
Alcyr Veras Economista e professor universitário
Quando se fala sobre a economia dos Estados do Nordeste, não se pode esquecer a histórica dependência que esses Estados sempre se submeteram ao Centro-Sul do país. Essa submissão ocorreu, sobretudo, mediante a influência simultânea de dois fatores: a camisa-de-força imposta pelo modelo brasileiro do Governo Central da época, comprometido com os interesses político-econômicos da região sul e, paralelamente, pela passividade e omissão dos políticos e governantes nordestinos que baixaram a cabeça.

Havia, no passado, um forte preconceito (e ainda hoje há, porém um pouco mais brando) em discriminar o Nordeste como uma região pobre e incompetente que vivia de pires estendido à mercê da piedade do poder público. Uma demonstração disso é que, no final dos anos noventa, o então deputado federal paulista, José Serra, em que pese sua reconhecida competência e marcante atuação política, disse, numa declaração infeliz, segundo os jornais da época, que os Estados nordestinos pouco contribuíam para a economia do país e se faziam de vítima para receber recursos do Governo Federal.

Celso Furtado, um dos grandes economistas brasileiros e o mais brilhante entre os nordestinos, fundador da Sudene, em 1959, que depois teve o profundo dissabor de ver aquela Agência de Desenvolvimento Regional ser complemente esvaziada e seus objetivos inteiramente desvirtuados pelos governos militares, destaca em seus livros “Dialética do Desenvolvimento” e “Formação Econômica do Brasil”, que o Nordeste financiou a infra-estrutura e a industrialização de São Paulo, exportando braços e matérias primas. E mais do que isso, foi a cana-de-açúcar nordestina que cobriu o déficit do Balanço de Pagamentos nos períodos em que a atividade cafeeira paulista entrou em crise. Os governos dos Estados do Nordeste pouco fizeram para romper esse vínculo de dependência, ou melhor dizendo, o círculo vicioso da pobreza segundo o sociólogo holandês Gunnar Myrdal.

O modelo primário-exportador foi sempre uma quimera ilusão na cabeça dos povos incautos do terceiro mundo. Banana na América Central; Peles de animais na África; Petróleo na Venezuela; Borracha na Amazônia; Café na Colômbia, etc. Procure observar se esses países, ao longo de anos e anos de exportação desses produtos, conseguiram sair do círculo do subdesenvolvimento. Veja também como estão hoje os países que importaram e ainda importam esses produtos, no eixo Europa e Estados Unidos. Antes de adotar o processo de substituição de importações, o Brasil trocava navios de café e de minérios por iô-iôs, rádios de pilha, cosméticos e meias de nylon. Que prosperidade e independência econômica teve o Rio Grande do Norte quando exportava apenas sal, scheelita, algodão e lagosta?

Mas, o Nordeste, hoje, tem outra cara. O ritmo de crescimento econômico e de expansão urbana vem proporcionando grande impulso às cidades como Salvador, Recife e Fortaleza, cujos distritos industriais caminham para consolidação dos polos de desenvolvimento regional. Esses polos têm grande capacidade de atração de empreendimentos de procedência externa, como podem também se transformar em áreas de convergência em relação à outras capitais da região nordestina.O Rio Grande do Norte é o segundo maior produtor brasileiro de petróleo. Se fosse reformulada a legislação, de modo a dar completa autonomia à exploração do subsolo potiguar, certamente nosso Estado teria o maior PIB do Brasil, em lugar dos irrisórios Royalties que hoje recebe.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Portal do Semiárido fará mapeamento do Nordeste

Posted by Emílio Moreno

Depois do portal InvestNordeste, os jornalista Luiz Carlos de Carvalho, Ana Cristina Cavalcante e Roberto Maciel preparam mais uma investida na internet. Em abril, eles lançam o Portal do Semiárido, iniciativa com o apoio institucional do Banco do Nordeste, por meio do Escritório Técnico de Estudos do Nordeste (Etene).
A intenção é fazer no Nordeste o que a TV Globo faz com o Portal Amazônia com mapeamento, notícias, rede social de todas as ONGs que tratam de meio ambiente na região, são mais 500. Segundo Luiz Carlos um convênio de cooperação foi firmado com a Associação Caatinga para consultoria técnico-ambiental na área.
O projeto está sendo desenvolvido pela agência Código Digital.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Procura-se engenheiro

06/02/10

Engenheiros são profissionais que, depois dos administradores de empresas, ocupam o maior número de altos cargos executivos nas corporações, segundo mostram diversas pesquisas.
Eles estão não só nas fábricas, nas usinas, nas siderúrgicas, nos canteiros de obras, mas também em áreas diversas como administração, finanças e contabilidade, marketing, vendas, recursos humanos, comunicação, gestão ambiental, entre outras, concorrendo com profissionais de formações mais específica.

Além disso, o mercado para engenheiros têm se expandido, seja pelo crescimento da economia, seja pelo surgimento de novas demandas da sociedade que exigem as habilidades de quem tem formação mais técnica.

Por tudo isso, especialistas acreditam que o Brasil deverá acelerar a formação de engenheiros para atender às demandas do crescimento econômico.

A preferência por engenheiros em áreas tão diversas resulta de sua formação profissional. Em primeiro lugar, ingressar em uma boa faculdade de engenharia e conseguir formar-se bacharel cinco anos mais tarde são comprovações de inteligência avançada e disciplina mental quantitativa.

Logo, esses profissionais aprendem a lidar com planejamento e projetos e como colocá-los em prática de forma mais prática, racional e econômica.

Para isso, desenvolvem a capacidade de raciocinar e resolver problemas de forma lógica, estruturada e organizada. Desde a universidade, familiarizam-se com planilhas e cronogramas físicos e financeiros, habituam-se a usar números para fundamentar suas ideias e conclusões e para medir e avaliar os resultados, tarefas que entediam outros profissionais, principalmente aqueles que se dedicam à criação, mas que são imprescindíveis na empresa moderna.

Outra qualidade que faz do engenheiro um profissional polivalente é o gosto pela criação de modelos e a elaboração de cenários objetivos, o que favorece sua colocação no mercado financeiro ou na área financeira de empresas.

Até há pouco tempo engenheiros predominavam no board de uma das mais importantes instituições financeiras do país. Um engenheiro de boa formação também tem uma visão holística dos processos e do próprio negócio, uma das aptidões mais valorizadas no mercado.

Não é de se estranhar, portanto, que esses profissionais estejam presentes no topo de instituições financeiras, nas indústrias e nas empresas de prestação de serviços. Engenheiros de produção, por exemplo, pela capacidade de atuar na organização, controle e aumento da eficiência e qualidade dos processos, podem trabalhar tanto nas linhas de montagem das indústrias, como no planejamento de empresas de serviços.

Também está no DNA do engenheiro exigir a comprovação, no mundo físico ou no universo dos números, de que a coisa, apesar de todo o planejamento, vá de fato funcionar.
Costuma-se dizer que idealistas, poetas e visionários são inspirados pelos deuses para conceber produtos revolucionários e maravilhosos, mas deixam aos engenheiros a tarefa de torná-los realidade e fazê-los funcionar.
----------------------------------------------------------
Marcelo Mariaca é presidente da Mariaca e professor de MBA da Brazilian Business School

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Museus

Painel do Leitor Folha de S. Paulo
5 de fevereiro de 2010

"A reportagem "Situação de museus de arte no país é deplorável" (Ilustrada, 14/1) dá voz a uma pessoa que transmite aos leitores opinião preconceituosa sobre os museólogos brasileiros.

O senhor Paulo Sérgio Duarte demonstrou desconhecer totalmente qualquer assunto sobre museologia. Isso, porém, não lhe dá o direito de nos ofender, como fez ao parodiar a frase do general prussiano Carl von Clausewitz: "Os museus são importantes demais para ficar nas mãos de museólogos".

A quem ele sugere entregar a responsabilidade dos acervos do museu? Aos curadores? Aos críticos de arte? Aos apadrinhados? O correto seria ele dizer: "Os museus brasileiros são tão importantes que deveriam contar com mais museólogos".

Existem hoje no Brasil quase 3.000 museus, que empregam diretamente mais de 30 mil profissionais, das mais diversas áreas: arte-educadores, restauradores, historiadores, arquitetos e outros. Desses profissionais, calcula-se que os museólogos não cheguem a 800, situação essa que está prestes a mudar com a abertura de novos cursos de graduação.

O que levou o referido cidadão a citar o jargão acima? Foi a falta de conhecimento, julgando que todos os que trabalham nos museus são museólogos?"

MARIA OLÍMPIA DUTZMANN , museóloga, presidente do Conselho Federal de Museologia (São Paulo, SP)

Pobrezas

Tendências /Debates
MARCIO POCHMANN

O Brasil requer inovadores métodos de combate às diferentes formas de pobreza, sobretudo na desigual repartição da renda

"Miséria é miséria em qualquer canto/ Riquezas são diferentes" ("Miséria", Titãs)

ASSIM COMO as sociedades se transformam, as condições de produção e reprodução da pobreza alteram-se com o passar do tempo.

Ainda no século 19, por exemplo, David Ricardo e Thomas Malthus difundiram a percepção acerca do processo de naturalização da pobreza por identificar que a reprodução humana ocorria em ritmo superior à capacidade econômica de produzir alimentos e renda para todos.

Os críticos da concepção da pobreza natural, como Alexis de Tocqueville e Karl Marx, explicitaram que os pobres não resultavam do maior aumento populacional em relação à produção, mas da incapacidade de o capitalismo redistribuir adequadamente o excedente econômico gerado. A riqueza crescia simultaneamente à elevação ou manutenção de enormes contingentes de pobres nas economias mais avançadas.

No final do século 19, pesquisadores como Benjamin Rowntree e Charles Booth avançaram em métodos científicos originais para medir a pobreza, que passou a ser identificada por critérios de insuficiência de renda necessária ao padrão de vida.

A pobreza extrema (severa) explicitaria o mero acesso ao consumo mínimo correspondente à sobrevivência, enquanto a pobreza absoluta indicaria o acesso necessário ao consumo básico para a reprodução humana. O prévio estabelecimento de uma cesta de necessidades mínimas ou básicas a ser atendida mensalmente corresponderia ao custo monetário de aquisição no mercado de bens e serviços.

Diante das condições gerais de insuficiência de renda para o acesso ao padrão de vida mínimo ou básico, que permitia identificar e dimensionar as diferentes manifestações da pobreza, houve o desenvolvimento de um conjunto de políticas públicas de oferta de bens (alimentos, terras, empregos) e serviços (educação, saúde, assistência social) e, ainda, das transferências diretas de renda para o enfrentamento do sofrimento humano.

O avanço das políticas públicas de caráter distributivo permitiu, em consequência, reduzir e até superar a pobreza extrema, quando não a absoluta, mesmo sem contemplar medidas contra a concentração da renda e riqueza. Só com o aparecimento das políticas redistributivas é que se tornou possível combater, de fato, a má repartição do excedente econômico.

Até então, o Estado compunha o fundo público por meio de impostos, taxas e contribuições para repassá-los, posteriormente, à sociedade na forma de serviços, bens e transferência direta de renda, sem considerar o desigual ônus arrecadatório sobre os distintos segmentos sociais. Se os pobres pagam mais tributos proporcionalmente à renda que os ricos, as políticas distributivas podem reduzir a pobreza sem, contudo, diminuir decisivamente a concentração da renda e da riqueza.

Por conta disso, a antiga medida de pobreza assentada no conceito de insuficiência de renda para atender determinado padrão de consumo mínimo ou básico passou a ser substituída pela medida de pobreza relativa.Ou seja, a pobreza que considera as condições de vida alcançada pelos ricos (concentração da renda), não somente o limite mínimo da sobrevivência ou da reprodução humana.

Foi nesse contexto que as políticas públicas distributivas (saúde, educação, transferência direta de renda) foram combinadas com as políticas redistributivas, o que tornou o sistema tributário comprometido com a justiça social. A progressão tributária sobre a distribuição da renda, acompanhada por políticas distributivas, possibilitou combater efetivamente as diferentes formas de pobreza.

Essa é a fase em que o Brasil se encontra atualmente, e precisa urgentemente avançar. Em 2008, o país registrou 28% da população na condição de pobreza absoluta e 10,5% na pobreza extrema. Para o ano de 2016, as projeções do Ipea indicam a superação da pobreza extrema e apenas 4% da população na pobreza absoluta.

Como em 2008 a pobreza relativa alcançou 54% dos brasileiros (quase duas vezes mais que o contingente medido pela pobreza absoluta e 5,1 vezes a pobreza extrema), percebe-se que o rumo brasileiro certo requer, ainda, inovadores métodos de combate às diferentes formas de pobreza, sobretudo na desigual repartição da renda e da riqueza.

MARCIO POCHMANN, 47, economista, é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e professor licenciado do Instituto de Economia e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp. Foi secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo (gestão Marta Suplicy).

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Contratação de executivos aumentará neste ano, com destaque para o Nordeste

02 de fevereiro de 2010 às 00:07
Por Equipe InfoMoney - InfoMoney


Apesar de 2009 ter sido afetado pela crise, o que trouxe o temor do desemprego para diversos setores da economia, neste ano, o cenário será mais positivo para os executivos, principalmente na região Nordeste do País.

De acordo com o consultor e sócio da Search Consultoria em Recursos Humanos, Luís Marcondes, os setores que mais contratarão profissionais, na região, serão o Comércio e a Construção Civil. "O desenvolvimento acelerado da região, que tem atraído grandes volumes de investimento, reflete diretamente na procura por executivos", afirmou o consultor.

Entretanto, para Marcondes, esse cenário positivo deixa mais claro quais são as carências do mercado de trabalho local, como a falta de profissionais qualificados. "Para suprir a demanada, seria necessário formar mais profissionais, pois faltam executivos, sobretudo na Bahia, em áreas como Mineração, Agroindústria, Indústria em geral e Saúde", disse Marcondes.

BrasilNo País, segundo o sócio da Search Consultoria em Recurso Humanos, Marcelo Braga, os segmentos de Infraestrutura, Bens de Consumo, Óleo & Gás, Financeiro e Mercado de Capitais devem contratar mais executivos. "A expectativa é de que as contratações de executivos retomem os níveis pré-crise, quando o mercado vivia seu melhor momento", afirmou Braga.

No setor financeiro, "as oportunidades de carreira devem surgir em áreas como desenvolvimento de novos produtos, comercial e Finanças Corporativas, abrangendo desde instituições de pequeno porte até grandes. As corretoras também desempenharão um papel importante no cenário de novas contratações", segundo disse Braga.

De acordo com ele, as oportunidades do setor de Bens de Consumo serão influenciadas pelo crescimento da economia, do nível de emprego e pela ampliação do acesso ao crédito. Em 2010, ano de Eleição, é provável que aumente a injeção de dinheiro na economia, em razão do aumento de salário mínimo, do seguro-desemprego, entre outros.

Investimentos"O setor de Infraestrutura de fato chegou ao limite. Para suportar o crescimento econômico esperado, são fundamentais investimentos significativos, como inclusive já vem sendo anunciado. Além disso, os eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, catalisam essas iniciativas", explicou Braga.

Os maiores investimentos devem ser direcionados para rodovias, portos, ferrovias, aeroportos e estádios. O mercado imobiliário também deverá apresentar um forte crescimento, tanto para baixa renda como para alta renda, com destaque para empresas de fundos imobiliários. O mesmo deve ocorrer com o segmento de Óleo e Gás, em razão da descoberta do petróleo na camada pré-sal.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Bacharelado interdisciplinar de ciência e tecnologia da USP é curso mais procurado pelos estudantes que fizeram o Enem

Publicação: 01/02/2010 - Correio Braziliense
Em três dias de inscrições, cerca de 335 mil alunos do ensino médio fizeram sua inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que substitui o vestibular em 51 instituições de ensino superior do país. O balanço foi divulgado às 19h de ontem pelo Ministério da Educação (MEC). O curso com o maior número absoluto de inscrições, segundo o balanço, é o bacharelado interdisciplinar de ciência e tecnologia da Universidade de São Paulo (USP), que atraiu 8.769 estudantes. Em segundo lugar está o curso de medicina da Universidade Federal de Pelotas, com 4.238 inscritos.
Entre os cursos mais procurados estão os de medicina e direito. Foram 3.535 inscrições para o curso de medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. A procura pelos cursos de medicina se repetiu na federal do Amazonas (3.093), na Rural do Rio de Janeiro (3.047) e do Vale do São Francisco (2.991), na Federal do Mato Grosso (2.126). Direito foi a opção de 2.390 estudantes na Unirio, e de 2.173 na Universidade Federal do Maranhão. O curso de administração também teve grande procura na Universidade Rural do Rio de Janeiro, com 2574 inscritos.
O aluno precisa entrar no sistema para concorrer às 47.913 vagas em universidades públicas e instituições de ensino profissional. Há apenas mais três dias para escolher um curso. O prazo termina às 23h59 de quarta-feira. A antecedência nas inscrições é um dos critérios de desempate caso dois candidatos tenham desempenhos iguais.
Nos dois primeiros dias de funcionamento (sexta e sábado), o sistema apresentou problemas como lentidão e dificuldades para concluir a inscrição. O MEC informou que, depois de apresentar defeito, um equipamento da rede interna do ministério foi substituído e o serviço ontem teria funcionado normalmente e com capacidade para receber 200 mil inscrições por dia.
Três etapas
Os candidatos terão três etapas para concorrer. A primeira começou na sexta e vai até quarta. A cada dia, o estudante vai saber qual a nota de corte do curso que escolheu. Somente na quarta o sistema gera a lista de alunos escolhidos e as instituições se encarregam de fazer sua seleção. Em 15 de fevereiro, o MEC reabre nova seleção, da mesma forma, com as vagas remanescentes.
Essa nova etapa continua até o dia 20, quando será gerada uma nova lista de selecionados. Uma terceira etapa semelhante está prevista entre os dias 1º e 3 de março, com resultado no dia 5.Na semana passada, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Joaquim Soares Neto, explicou como funciona o sistema. As inscrições podem ser feitas pelo site www.mec.gov.br.O número335 milAlunos do ensino médio que fizeram sua inscrição no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) até as 19h de ontem

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Brasil avança no ensino superior, mas ainda fica na lanterna do continente

Brasil Econômico, 20/1

Estudo do Ipea mostra aumento de 123% na frequência de cursos ao longo da última década
O Brasil avançou ao proporcionar maior acesso ao ensino superior à sua população ao longo da última década. No entanto, o país ainda continua na última colocação da América Latina no indicador. Essas são as conclusões do estudo Juventude e Políticas Sociais no Brasil, divulgado na terça-feira (19/1) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o trabalho, em 2007, 13,2% da população dos jovens (entre 18 e 24 anos) no país freqüentavam a universidade. Embora o número ainda esteja abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) - que prevê estender esse percentual para 30% até 2011 - ele representa um aumento de 123% sobre o resultado que era apurado em1996, de 5,8%.

Apesar do avanço na inclusão educacional, o Brasil ainda não conseguiu sair da "lanterna" do continente. O estudo do Ipea mostra que o Brasil tinha 213 estudantes para cada 10 mil habitantes em 2007. Trata-se de um número inferior ao de países como a Argentina - líder da região, com 531 - e mesmo da Venezuela (389) e da Bolívia (347).

"Claro que quanto maior o nível de qualificação dos trabalhadores, maior é a produtividade e o desenvolvimento do país", diz a economista Priscilla Matias Flori. Segundo ela, as dúvidas que existem são se o ensino superior em oferta hoje é eficiente e capacita os jovens a fazer a diferença no progresso do Brasil. "Considero que a resposta para essas perguntas é a mesma: não. Distribuir diplomas para que o percentual aumente não é a solução", completa.

Avanço desigual

Segundo o estudo, a principal responsável pelo aumento no número de vagas foi a política encampada pelo Ministério da Educação de incentivar a expansão das matrículas no setor privado através de bolsas e financiamentos.

No entanto, "talvez o que mais preocupe seja a qualidade desses cursos superiores, e não a quantidade de pessoas que estão neles. O que vemos, infelizmente, é uma proliferação de universidades particulares que nada acrescentam para o conhecimento do aluno. Esse é um fator que pode acarretar um impacto negativo no mercado de trabalho e, consequentemente, na competitividade do Brasil", analisa Priscilla. O avanço também se dá às custas da desigualdade regional.

No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o indicador de jovens que freqüentam a universidade estava na casa de 16%. Já no Nordeste e no Norte ele era respectivamente de 7,5% e de 9,0%. Também há uma forte diferença quando se leva em conta o local de habitação dos estudantes.

(Marcelo Cabral)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

País fica em 88º em ranking de ensino

20/01/2010 - O ESTADO DE S. PAULO

Estudo da Unesco, com 128 nações, mostra que Brasil está atrás de Paraguai e Argentina; qualidade é o gargalo

Lisandra Paraguassú


O alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que o Brasil conquistou há dois anos não chegou à educação. O relatório Educação para Todos, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), mostra que a baixa qualidade do ensino nas escolas deixa as crianças para trás. É diretamente responsável por colocar o País na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), com resultado 0,883 (a nota varia de 0 a 1, sendo 1 a mais alta). O Brasil está atrás de Paraguai, Equador e Bolívia.

Dos quatro dados utilizados pela Unesco, o Brasil vai bem em três e tem resultados acima de 0,900 - o mínimo para ser considerado de alto desenvolvimento educacional. São bons os números de atendimento universal, analfabetismo e igualdade de acesso à escola entre meninos e meninas. Já quando se analisa o índice que calcula quantas crianças que entram na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL concluem a 5ª série, o País cai para 0,756, um baixo IDE.

Mais do que isso, a situação piorou. No estudo anterior, com dados de 2005, o índice brasileiro ficou em 0,901. O recente relatório utiliza informações de 2007, ano em que há números comparáveis para os 128 países.

Segundo Nicole Bella, analista de políticas da Unesco em Paris e uma das responsáveis pelo relatório, o Brasil perdeu pontos porque a matrícula caiu de 95,6% em 2005 para 93,5% em 2007 e a taxa de sobrevivência na 5ª série de 80,5% para 75,6% no mesmo período. "A reprovação e a retenção escolar, assim como a qualidade da educação, atrapalham o progresso do País."

O gargalo da 5ª série do ENSINO FUNDAMENTAL é conhecido. O relatório aponta três fatores que influenciam o resultado das crianças e a permanência na escola: a necessidade de identificar, nos primeiros anos de escolaridade, o quanto a criança está aprendendo e tomar medidas para sanar as dificuldades; ter escolas com um mínimo de infraestrutura física e um bom ambiente escolar; um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas seja de aprendizagem efetiva. Em nenhum deles o Brasil pode servir de exemplo.

Nas rede pública, a média de horas de aula por dia é de 4,5 no ENSINO FUNDAMENTAL e 4,3 no médio, quando seriam necessárias ao menos 6. Mais de 17,8 mil escolas não têm energia elétrica e só 37% possuem bibliotecas.

Para o presidente executivo do Movimento Todos pela Educação, Mozart Ramos, os dados reforçam que o maior desafio do País é a aprendizagem na educação básica. "Melhorar a qualidade é mais caro do que colocar a criança na escola." Para a educadora Ângela Soligo, da Unicamp, o País "investe demais em avaliação e de menos na melhoria da qualidade".

O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO informou que ainda vai analisar o relatório, mas, inicialmente, considerou os números "estranhos" porque houve a ampliação do ENSINO FUNDAMENTAL para nove anos e queda na evasão.

Colaborou Carlos Lordelo

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Socióloga comenta entrevista sobre situação de museus no país

Brasília -DF -15/01/2010
À situação deplorável dos museus de arte identificados geralmente com as artes pláticas (pintura, desenho, gravura, fotografia, escultura e instalções diversas), acrescenta-se os museus e acervos de ciência e tecnologia (C&T), tão importantes na escala cultural quanto os primeiros e constituindo-se em patrimônio material e imaterial de mesmo status que os patrimônios artísticos, arqueológicos, históricos e arquitetônicos. Pouquíssimas exceções se observam no Brasil representativas de extremo cuidado e preservação de equipamentos e produções tão importantes para a C&T brasileiras, podendo ser citados o Mast no RJ, o Museu da Vida no RJ, o Emílio Goeldi no PA, todos públicos e outros poucos espalhados pelo Brasil afora. O Centro de Memória do CNPq em Brasília acaba de ser desativado! Terminando, todos são parte integrante do nosso patrimônio cultural, das nossas memórias e identidades, e desempenham junto à população importante papel educativo e construtor de cidadania.

Elisabete Ferreira
socióloga
secretária executiva do InTC - Instituto Transposição do Conhecimento para o Desenvolvimento Regional

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Situação de museus de arte no país é deplorável

Folha de s. Paulo
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

ENTREVISTA PAULO SERGIO DUARTE

Para crítico e curador, políticas do Estado brasileiro "refletem estatuto da arte na consciência da elite, que é inexistente"

CRÍTICO, CURADOR e professor de história da arte, Paulo Sergio Duarte cita o abandono do Museu de Brasília como exemplo da indigência das políticas públicas em relação ao setor e diz que o Instituto Brasileiro de Museus é só "um escritório com diretoria e alguns assessores". Ele vê os museus como "instrumentos indispensáveis para qualquer sistema educacional que se preze" e advoga interação entre essas instituições e universidades.

MARCOS AUGUSTO GONÇALVESDA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisador do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Candido Mendes, no Rio, Duarte, foi curador da 5ª Bienal do Mercosul (2005) e do Projeto Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural, no ano passado. Ele cobra do governo Lula a definição de prioridades e defende que os museus federais sejam centros de excelência e formação técnica. Quanto às mudanças na Lei Rouanet, propõe tratamento especial para investimentos em aquisição de acervos e infraestrutura de museus -hoje preteridos em favor do patrocínio de exposições temporárias.

FOLHA - Qual é a situação da rede de museus do país?

PAULO SÉRGIO DUARTE - É preciso lembrar logo que só vamos falar de museu de arte, a cultura em tão elevado estado de condensação que nós não chamamos de cultura, mas de arte. No caso desses museus, a situação é deplorável. Existem ilhas razoáveis que estão longe de dar um bom panorama histórico da arte no país.

FOLHA - Qual é a responsabilidade do governo nessa situação?

DUARTE - Não é um problema só de governo, este ou passados. A política cultural do Estado reflete o estatuto da arte na consciência da elite brasileira. E esse lugar simplesmente não existe, com raríssimas exceções. Repetindo o que digo há 30 anos: percorrendo, em qualquer uma das duas maiores cidades do país, todos os seus museus, é impossível para um professor dar um curso digno da história da arte do século 20.Tenho insistido sobre o fato de que neste ano Brasília completa 50 anos. Onde está seu museu de arte? No antigo Clube das Forças Armadas, depois cedido para o Casarão do Samba, e posteriormente transformado no museu de arte. Está lá num prédio interditado, cercado por hotéis de arquitetura pífia. Até aqui, este é o lugar do museu na capital da nação. Eu defendo que se faça um concurso internacional para este museu, como foi feito no Rio para o Museu da Imagem e do Som.

FOLHA - Isso é simbólico quanto à importância que o poder público confere à arte?

DUARTE - Isto não acontece por mero acaso no país no qual sobra dinheiro para malas em automóveis e aviões de pastores evangélicos, fraldas de dólares debaixo das calças de cabos eleitorais e até nas meias de deputados. Qual pode ser o estatuto da arte nesse lugar? Como acreditar que a arte é um conhecimento específico, muito importante para compensar os efeitos da indústria cultural, e formar um olhar crítico no cidadão se, na capital do país, é tratada de modo tão lamentável?

FOLHA - Como você vê a atuação do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), criado pelo governo?

DUARTE - Por enquanto, é um escritório com uma diretoria e alguns assessores.

FOLHA - Como ele deveria se estruturar?

DUARTE - Os museus são, antes de tudo, equipamentos necessários à formação de cidadania e um instrumento indispensável de qualquer sistema educacional que se preze. Com as tarefas enormes e com o alarme de emergências tocando todo dia, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, não pode dar a devida prioridade aos museus.Parodiando Carl von Clausewitz, na sua frase que já se tornou clichê: os museus são importantes demais para ficar nas mãos de museólogos. Os acordos e convênios com universidades e institutos de ensino e pesquisa nas diversas regiões do país poupariam da inchação o quadro de pessoal do Ibram.Acredito que, para o primeiro mandato do presidente Lula, estava correta a política do Ministério da Cultura de prospecção do campo realizada pelas consultas a câmaras setoriais, reuniões e estímulos à participação. Mas já é tempo de ter focos precisos, prioridades de efeitos multiplicadores. Acima de tudo, as instituições federais têm de ser centros de excelência e de formação técnica.

FOLHA - Que prioridades?

DUARTE - Por exemplo, os projetos educativos dos museus devem priorizar a formação de professores e secundariamente se voltar para o cidadão comum. As visitas de turmas de alunos de escolas e colégios devem estar sempre programadas como trabalhos práticos de professores preparados pelos próprios museus em programas de convênios com as secretarias de educação. Os programas educativos para professores devem estar voltados para os docentes de todas as áreas, e não apenas para aqueles de arte e educação artística. Só desse modo fará sentido a divulgação dos números de visitação de alunos; por enquanto servem para a satisfação demagógica e a prestação de contas a departamentos de marketing de patrocinadores.

FOLHA - Em relação a museus, o que deveria mudar na Lei Rouanet?

DUARTE - Eu considero que deveria haver mais estímulo fiscal aos investimentos em infraestrutura dos museus e aquisição de acervos do que para exposições temporárias. Não se trata de acabar com o estímulo às exposições e sua documentação em catálogos. Mas a aquisição de obras e publicações que exigem longas pesquisas e não estão vinculadas a um evento temporário mereceriam receber tratamento diferenciado. O mais grave, segundo li na Folha [Ilustrada, 24/11/09], é o governo querer disciplinar ou mesmo proibir a remuneração dos profissionais contratados para dirigir museus ou instituições culturais que adquiriram um estatuto autônomo, como organizações sociais. É um estímulo ao pior amadorismo ou a uma péssima elitização das direções das instituições: só ricos, pessoas que não vivem do que fazem, poderão ocupar essa direção, ou funcionários mal remunerados.

FOLHA - Que lições devemos tirar do incêndio que destruiu parte importante da obra de Hélio Oiticica?

DUARTE - A primeira lição é que não se deve nunca dispensar uma consultoria de risco indicada por uma boa empresa de seguros para qualquer edificação que for armazenar acervos preciosos. Mais do que isso: uma das cláusulas ao uso das leis de incentivo à cultura para instituições que preservam acervos seria a realização prévia da consultoria e o financiamento, pela própria lei de incentivo, da execução de todas as medidas técnicas que sejam recomendadas.Acho que quem primeiro deveria dar esse exemplo é o próprio Ministério da Cultura, realizar essa consultoria em cada uma das instituições sob sua responsabilidade. A verdade é que em muitos casos nem as normas estabelecidas pelos Bombeiros são cumpridas.

FOLHA - Se compararmos arte contemporânea, mercado e instituições do Brasil com arte contemporânea, mercado e instituições de países mais avançados, quais são os principais descompassos?

DUARTE - Temos atualmente uma excelente produção de arte, reconhecida, antes de tudo, por importantes instituições e coleções estrangeiras. Nossas instituições apresentam os mesmos descompassos que existem para outras áreas, a começar pelo sistema educacional: quais são os descompassos que existem entre os sistemas educacionais brasileiro, japonês, alemão, americano, francês e inglês, por exemplo?Nossas instituições de arte estão para as instituições desses países assim como [estão] nossa educação e nossos serviços de saúde. Quanto ao mercado, me parece que amadureceu muito, nos últimos 20 anos, em São Paulo; se estrutura no Rio e em Belo Horizonte, mas depende exclusivamente de colecionadores particulares. As instituições públicas não têm recursos regulares para aquisições.

FOLHA - E as doações?

DUARTE - Dou um exemplo. A diretora do Museu Nacional de Belas Artes declarou que recebeu em poucos anos milhares de doações. O número publicado chegava a dezenas de milhares, embora isso possa ter sido um erro tipográfico. Mas, se é verdade, é evidente prova do elevado grau de indigência que conduz a política cultural de artes visuais. Integrar o acervo do Museu Nacional de Belas Artes deve ser privilégio reservado às obras de artistas que constituem um patrimônio do povo brasileiro e cuja fruição vai efetivamente formar o olhar do cidadão no campo da arte.Visite-se a sala de arte moderna e contemporânea do museu e ver-se-á que, além das inúmeras lacunas, existe quase sempre a inversão de valores: quanto menos importante o artista mais espaço ocupa sua obra. É uma aula completa do que não deve ser feito.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pobreza interfere no desempenho escolar

10/01/2010 CORREIO BRAZILIENSE
Rodrigo Couto

Estudo realizado pela Unifesp indica que existe relação direta entre a situação econômica do aluno e o aprendizado nos colégios. Doação de livros didáticos é citada como solução
São Luiz do Norte (GO) - Quanto maior a porcentagem de indivíduos pobres em um município, pior é o desempenho escolar. É o que constatou uma pesquisa da UNIVERSIDADE Federal de São Paulo (Unifesp). A situação econômica determinou em até 58% o rendimento dos alunos das escolas municipais, enquanto nos estabelecimentos estaduais o mesmo percentual ficou em 44%. Para reverter o cenário, a coordenadora do levantamento, Christina Andrews, recomenda a continuidade do Plano Nacional de Formação de Professores, do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC), e a criação de medidas de impacto, como a entrega dos livros didáticos aos estudantes de baixa renda.

"Em vez de devolvê-los à instituição ao fim de cada período letivo, como acontece atualmente, seria positivo permitir que esses jovens ficassem com seus livros. É importante que eles possam consultá-los em casa sempre que tiverem alguma dúvida", defende a pesquisadora.
Especialistas consultados pelo Correio concordam com a sugestão da responsável pelo estudo. Doutora em educação pela UNIVERSIDADE Estadual de Campinas (Unicamp), Maria Abádia da Silva, que atualmente leciona na UNIVERSIDADE de Brasília (UnB), diz que o livro pertence ao aluno. "Sempre defendi que as coletâneas deveriam ser de propriedade dos estudantes. É fundamental que os jovens, de qualquer série, fiquem com os livros o tempo todo, inclusive fora do horário escolar", analisa. "Não basta colocar uma biblioteca dentro da escola. É preciso ir além do livro didático. O governo deve fornecer obras literárias e com outras temáticas, como música e dança, por exemplo", observa.

A possibilidade de os alunos permanecerem com os livros didáticos depende da redução de custos do mercado editorial, segundo o sociólogo e o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. "A propriedade do livro não deve se restringir aos filhos da elite e da classe média. No entanto, para reverter essa realidade, é preciso baratear o preço dos livros. O mercado brasileiro é um dos mais caros", lembra. "Ao contrário de outros países, como a Inglaterra, as coletâneas no Brasil são muito sofisticadas. É possível fazer um bom material e com valor reduzido", frisa.

Procurada pela reportagem, a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, não foi localizada para comentar as sugestões do estudo.
O levantamento da Unifesp também revelou que, apesar do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), 35 municípios apresentaram notas acima da média nacional (3,9) no Índide de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Aulas
Em São Luiz do Norte (GO), um dos municípios destaques na pesquisa, que apresentou nota 6 no Ideb, a pequena Maria Isabella da Silva, 8 anos, futura estudante da 4ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, comemora boas notas, mas lamenta o fato de não ter dinheiro para comprar livros. "Se eu pudesse ficar com os cadernos da escola seria muito bom." A mãe, Luciete Forte da Silva, 33, diz que a garota ficou aflita por não ter atingido a pontuação máxima em todas as disciplinas. "Em português e matemática fiquei com 9,5. Gostaria de ter tirado era 10", diz Maria Isabella. Ela e a irmã, Maria Eudina, outra craque das notas altas, são sustentadas pelo salário mínimo que Luciete recebe.

Christina atribui o maior impacto da pobreza no rendimento escolar dos alunos das instituições municipais ao fato de que a expansão do ENSINO FUNDAMENTAL ocorreu principalmente nesses estabelecimentos. "Com o crescimento no número de estudantes, as escolas municipais passaram a ter uma proporção maior de jovens pobres do que as escolas estaduais", diz.

Noite do pijama
Secretária de Educação de São Luiz do Norte (GO), Cleide Maria da Silva não soube apontar as causas para o bom desempenho da cidade no Ideb, mas dá pistas para o interesse dos alunos. Entre os projetos desenvolvidos a cada mês nas cinco escolas municipais para incentivar os estudantes, ela cita a 1ª Noite do pijama, quando 81 alunos da 1ª a 4ª série do ENSINO FUNDAMENTAL (faixa etária de 7 a 10 anos) passaram uma noite dentro da escola declamando poesias e ouvindo músicas. Vestidos de pijamas, alunos e professores lancharam e dormiram na escola.

"Foi um sucesso. Eles já estão cobrando a realização de uma outra edição neste ano", conta Cleide. "Também temos o programa de ensino e aprendizagem, que oferece aulas de reforço duas vezes por semana aos alunos com dificuldade", acrescenta. Para evitar que as crianças residentes em pequenos povoados próximos ao município fiquem sem estudar, a prefeitura e o governo estadual implantaram a chamada escola ativa. "Na verdade, é uma turma de 15 alunos do 1º ao 5º do ENSINO FUNDAMENTAL que estuda junto, numa mesma sala. Como seria inviável formar turmas de dois estudantes, decidimos copiar um modelo que já é adotado pelos índios", explica. A cidade ainda realizou a semana da alimentação e um projeto sobre a Páscoa. (RC)

Pesquisadora comenta artigo "Universidade do século 21", de Adalberto Fazzio e Sidney Jard da Silva

JC e-mail 3925, de 08 de Janeiro de 2010


Leia a mensagem de Luzia Ilza Ferreira Jorge, pesquisadora do Instituto Adolfo Lutz, de Santos, SP:


"O problema do distanciamento entre universidade e exigências práticas da sociedade parece ser insolúvel, mas não é. Se houvesse maior intercâmbio entre as universidades públicas e os institutos de pesquisa o entrave seria removido, beneficiando não somente os cientistas desses dois segmentos mas também, e principalmente, a própria sociedade.

Trocando em miúdos: a universidade é teórica, os institutos são práticos. Nos poucos e expressivos momentos em que os pesquisadores de uns e de outros se reúnem para desenvolver projetos comuns, importantes avanços científicos são atingidos, vide os trabalhos produzidos em parcerias entre a Unicamp e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) ou o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), entre a USP e o Instituto Adolfo Lutz (IAL) etc.

Sou a favor da criação de um tipo de sistema de "vasos comunicantes" entre universidades públicas e institutos de pesquisa, interligando ambas as instituições como se fossem extensões umas das outras. Desta forma seriam possíveis transferências de pesquisadores de universidades para institutos de pesquisa e vice-versa, maior incentivo ao desenvolvimento de projetos conjuntos, comunicação em rede on-line, promoção de eventos científicos conjuntos etc.

Todos ganhariam com essa troca de conhecimentos e de experiências, beneficiando-se reciprocamente, criando alternativas de trabalho e de relacionamento humano, renovando motivações, ampliando linhas de pesquisa e descobrindo novos interesses oriundos das interfaces criadas. A sociedade seria a maior beneficiada com esse incremento na qualidade e na diversidade da produção científica. E o mesmo se pode dizer dos alunos dessas universidades e dos funcionários e estagiários desses institutos de pesquisa."

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A engenharia e a competitividade do Brasil

08/01/2010 - Folha de S. Paulo

Para vencer o grande desafio de formar engenheiros, um conjunto complexo de tarefas e atores deve estar articulado

Com o crescimento e o desenvolvimento do Brasil, que aumenta sua inserção internacional entre as potências emergentes, a educação, a ciência, a tecnologia e a inovação -e, em particular, a capacidade de fazer engenharia- tornam-se ferramentas estratégicas.
Sendo assim, o deficit na formação de recursos humanos na área de engenharia tem preocupado. Essa defasagem se apresenta com o crescimento do PIB, com o necessário aumento da infraestrutura e com os avanços da indústria. Logo, é uma questão estratégica. Para aumentar o número de engenheiros no Brasil, é preciso intensificar as ações dos governos, das universidades, do setor produtivo e do Congresso.
Nesse contexto, há que considerar a complexidade da formação de recursos humanos, algo muito diferente da produção de bens materiais. É um processo de longo prazo, custoso, que se inicia na educação fundamental e não pode ser interrompido.
Cientes dessa preocupação, desde 2003 as universidades federais iniciaram o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que contempla a criação de novas universidades e novos cursos (com ênfase nos noturnos) e novos campi (notadamente no interior do país). As vagas nos cursos de engenharia devem dobrar, saindo de 12 mil em 2006 para 24 mil em 2010.
Essa é a contribuição mais direta das universidades na formação de engenheiros. Porém, elas reconhecem que é preciso acelerar tal empreitada, não só em termos quantitativos mas também qualitativos. Mais que de engenheiros que operem complexos equipamentos importados, precisamos de profissionais que desenvolvam tecnologia brasileira.
Nos últimos meses, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de ENSINO SUPERIOR) também tem dialogado com o Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) e a Abenge (Associação Brasileira de Ensino de Engenharia).
Para essa missão, existem dois gargalos: um antes da graduação e outro depois. Primeiro, a necessidade de formar mais alunos no ENSINO MÉDIO -potenciais engenheiros-, o que leva a uma maior demanda de professores para a educação básica. O desfalque, notadamente nas ciências exatas, já está sendo tratado pelas universidades federais, que se empenham em projetos de formação e qualificação de docentes.
Porém, mesmo que sanado esse problema, o deficit de engenheiros não seria resolvido apenas com o esforço das universidades federais. A participação do setor privado também é necessária, desde que garantida a qualidade. Nesse ponto surge a segunda dificuldade, que é a qualificação daqueles que serão professores na educação privada. Para solucioná-la, o setor público tem outro papel fundamental, destacando-se a importância da pós-graduação.
Uma das principais pautas da Andifes, o Programa de Apoio à Pós-Graduação das Ifes (PAPG-Ifes), apresentado no ano passado ao presidente Lula, à ministra Dilma Rousseff, ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, ao Ministério da Ciência e Tecnologia, à CNI e ao MEC, torna-se estratégico nesse contexto. O PAPG-Ifes projeta um crescimento de 143 cursos de mestrado em engenharia para 216, e de 79 cursos de doutorado na área para 131.
A relação com o setor produtivo, aperfeiçoando e modernizando engenheiros já formados, é atividade rotineira das Ifes. Toda essa interação visa coordenar a formação de engenheiros com as demandas do setor produtivo, com a política industrial, com o PAC da ciência e tecnologia e com as potencialidades das universidades federais. Nesse esforço, procurou-se também superar as assimetrias regionais.
Percebe-se, então, que, para vencer o grande desafio de formar engenheiros, um conjunto complexo de tarefas e atores deve estar articulado.
Podemos afirmar que, até este momento, não tem faltado apoio dos governos e de todos os partidos no Congresso, inclusive na criação de cargos para a ampliação das universidades.
No entanto, é preciso pisar no acelerador e combinar a ação direta na formação com a interação plena com a educação básica, a formação de mestres e doutores e as demandas do setor produtivo. O futuro já chegou e não aguardará os retardatários. Em 2010, resta saber o que pensam os candidatos a presidente sobre o tema.
As universidades federais, como órgãos de Estado, estão engajadas nesse processo e na parceria com os atores envolvidos.

ALAN BARBIERO , engenheiro agrônomo, é presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de ENSINO SUPERIOR).

FLÁVIO ANTÔNIO DOS SANTOS , engenheiro elétrico, é vice-presidente da Andifes.
GUSTAVO BALDUINO , engenheiro MECânico, é secretário-executivo da Andifes.