segunda-feira, 22 de março de 2010

Amazônia precisa de mais capital intelectual, reiteram gestores

Segunda-Feira, 22 de março de 2010
JC e-mail 3973, de 22 de Março de 2010.
Amazônia precisa de mais capital intelectual, reiteram gestores

2ª Conferência Regional Norte de Ciência, Tecnologia e Inovação terminou na sexta-feira, 19 de março.

"Sabemos do que a Amazônia precisa. Um dos grandes gargalos é a falta de capital intelectual. Não há outra forma de tirar proveito das riquezas da região se não for por meio da geração de conhecimento". A declaração é do diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Odenildo Teixeira Sena, durante a 2ª Conferência Regional Norte de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo ele, não há nada de novo nos discursos sobre a Amazônia, bem como na formação de recursos humanos e investimentos. Isso ocorre porque o que é dito não está tendo ressonância. "Estou cansado de ouvir falar sobre a Amazônia sem que isso se reverta em ações. Os resultados obtidos foram por meio de iniciativas próprias dos Estados do Amazonas e do Pará, por exemplo", salientou.

De acordo com Sena, o problema da falta de ressonância ocorre porque não há compreensão do brasileiro sobre o que representa a Amazônia. Ele explicou que falta compreensão, sensibilidade e ações políticas, como as que criaram a Universidade de Campinas (Unicamp) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). "O resto do Brasil já pagou caro pelo crescimento de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro", frisou.

Durante a conferência, Sena apresentou os resultados dos investimentos feitos pelo Governo do Estado, por meio da Fapeam, formação de recursos humanos, infra-estrutura para laboratórios, grupos de pesquisa. Claro que, segundo ele, muito já foi feito, mas é pouco para o que a Amazônia precisa.

"De 2003 a 2009, o Amazonas investiu mais de R$ 198 milhões em ciência. Desse total, as instituições mais beneficiadas foram o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa, com R$ 53,27 milhões), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam, com R$ 48,5 milhões) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA, com R$ 25,5 milhões)", informou e acrescentou que a região está vivendo um momento diferente, todavia, é indiscutível dizer que a região ainda carece de recursos.

Não há outra saída a não ser considerar a Amazônia como estratégica, defendeu Sena. Ele reforçou que é preciso assumir o desafio de reduzir desigualdades, como aumentar o número de mestres e doutores e incentivar que outras instituições também façam pesquisa. O presidente da Fapeam citou como exemplo os casos bem sucedidos da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT-AM), Hemoam.

A diretora técnico-científica da Fapeam, Patrícia Sampaio, lembrou que a Amazônia permaneceu separada do Estado brasileiro por mais de 200 anos e compõe esse Estado que insistimos de chamar de nacional. Por isso, é preciso reconhecer que se deve reunir esforços para homogeneizar formação de recursos humanos e doutores para desenvolver a região. "Temos que marcar posição, precisamos formar competências, mas não temos pesquisadores suficientes", frisou.

Todas as ações implementadas pela Fapeam são realizadas por meio de bolsas, ressaltou Ennio Candotti, diretor do Museu da Amazônia (Musa). Ele salientou que não há como viver dependendo sempre das bolsas de doutorado. É preciso negociar ações políticas para a criação de vagas para as instituições de ensino e pesquisa do Norte. "A Receita e a Polícia Rodoviária Federal conseguem. Por que as instituições de pesquisa não conseguem?", questionou.

Segundo Candotti, é preciso oferecer emprego para fixar os doutores na Amazônia por meio de uma política de longo prazo. Dessa forma, será possível transformar o Polo Industrial de Manaus em um local produtor de tecnologia. "É um desafio, mas precisa ser feito", observou.
(Com informações de Luís Mansuêto, da Agência Fapeam)

Evento reuniu cerca de duas mil pessoas

A grande participação do público na 2ª Conferência Regional de Ciência e Tecnologia é reflexo da importância que a região norte tem para a construção de políticas públicas do setor, específicas para a Amazônia.

De acordo com os números da organização do evento, foram quase dois mil participantes vindos de todos os Estados da região Norte, incluindo a cidade de Belém, além de pesquisadores do Distrito Federal, Paraíba, Piauí e Rio de Janeiro.

O coordenador do evento, professor Roberto Limão atribui a grande participação no evento ao fato da sociedade querer participar das decisões no âmbito da busca por políticas em CT&I, além da facilidade de inscrição pela internet.

"Os dois grandes motivadores para o grande número de participantes foram o próprio processo de inscrição pela internet, que permitiu qualquer pessoa, de qualquer lugar, se inscrevesse sem nenhum problema e o interesse maior das pessoas em participar das decisões de sua região", afirma Limão.

Maria de Lourdes Azevedo, da Secretaria de Estado do Planejamento de Rondônia, afirma a importância na participação do evento para as decisões de políticas públicas em CT&I na Região.

"O evento é importante para a ciência e tecnologia na busca de recursos para a aplicação na nossa região, e estar aqui possibilita detectar as dificuldades em comum a cada Estado, juntar forças para assim levar a proposta para o evento Nacional", argumenta a professora.

A necessidade de representar o seu Estado na CRCTI também é lembrada por Margareth Barbosa, bióloga da Fundação de Tecnologia do Estado do Acre. "É necessário para a dinâmica do evento a participação de todos os estados, e o Acre não poderia ficar de fora dos trabalhos dessa conferência regional, já que irão representar toda a região Norte", diz a bióloga.
(Informações da Assessoria de Comunicação da Fapespa)


Nenhum comentário: