Três elementos se integram no
processo criativo da inovação: o primeiro é o conhecimento profundo de
múltiplas disciplinas relacionadas, o segundo advém da geração infinita de
ideias - o uso da imaginação - e o terceiro é oriundo da escolha - decisão -
acertada de que caminho perseguir.
Domenico de Masi, celebrizado
no Brasil pela sua obra "O Ócio Criativo", lançou também, entre
tantas outras publicações, "Criatividade: Fantasia e Concretude".
Este último traz revelações relevantes sobre o tema de gerar inovação a partir
das ideias.
Em resumo, conclui que em
alguns países - Itália e Brasil incluídos - somos pródigos na geração de ideias
e muito pouco efetivos em gerar inovação. Muitos atribuem esse fato a nossa
falta de capacidade de execução. Pode ser também, mas não é só isso.
O debate brasileiro entre
diversas autoridades no assunto, incluindo a Secretária de Economia Criativa do
Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, tem revelado uma característica em
comum: nós, brasileiros, somos criativos, mas não conseguimos gerar inovação.
E quais são os fatores que
afetam esses resultados? Lamentavelmente, precisamos reconhecer, é a falta de
conhecimento qualificado. Nossa deficiência de ensino e a pulverização de
recursos nos diversos níveis da educação, sem foco na qualidade, são a
principal fonte dos nossos problemas.
Quantas empresas se
vangloriam de só empregar nível superior? Parte dessa atitude é para tentar
compensar, ao menos em parte, a baixa qualificação dos ensinos médio e
fundamental no Brasil.
Com recursos escassos, nosso
foco poderia ser, após a universalização do ensino, que chegou com pelo menos
um século de atraso, a qualificação do ensino fundamental.
Assim é também nos redutos
menos desenvolvidos. A premiação das melhores inovações na base da pirâmide é
atribuída a profissionais e empresas que não pertencem a essa comunidade.
Falta, nesses ambientes, o
elemento principal, que é o conhecimento. Se o conhecimento é deficiente, a
geração de ideias fica comprometida, dificultando o próximo passo, que é o
discernimento para a escolha da ideia mais apropriada.
Registre-se que pela primeira
vez o tema educação de qualidade faz parte da agenda da presidência da
República. Este é um fato inédito e auspicioso.
Para o universo de
importantíssimas autoridades da educação brasileira está colocado o desafio: já
que não temos os 40 anos dedicados pela coreia do Sul para chegar ao estágio de
evolução atual, como devemos fazer para "alcançar" esse estágio em
muito menos tempo?
A presidente da República
acaba de anunciar uma olimpíada do conhecimento. Certamente uma grande ideia
sediá-la no Brasil, o que, aliás, poderá ser feito com regularidade.
Há vários efeitos positivos
dessa iniciativa: estímulo aos estudantes brasileiros e, de maneira objetiva,
estímulo ao turismo para estrangeiros. Está na hora de mudar o nosso patamar de
visitantes estrangeiros que teima, há mais de dez anos, em não deixar a faixa
dos cinco milhões anuais.
Adolfo Menezes Melito é
presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP
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