segunda-feira, 16 de abril de 2012

Conhecimento e inovação


Três elementos se integram no processo criativo da inovação: o primeiro é o conhecimento profundo de múltiplas disciplinas relacionadas, o segundo advém da geração infinita de ideias - o uso da imaginação - e o terceiro é oriundo da escolha - decisão - acertada de que caminho perseguir.

Domenico de Masi, celebrizado no Brasil pela sua obra "O Ócio Criativo", lançou também, entre tantas outras publicações, "Criatividade: Fantasia e Concretude". Este último traz revelações relevantes sobre o tema de gerar inovação a partir das ideias.

Em resumo, conclui que em alguns países - Itália e Brasil incluídos - somos pródigos na geração de ideias e muito pouco efetivos em gerar inovação. Muitos atribuem esse fato a nossa falta de capacidade de execução. Pode ser também, mas não é só isso.

O debate brasileiro entre diversas autoridades no assunto, incluindo a Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, tem revelado uma característica em comum: nós, brasileiros, somos criativos, mas não conseguimos gerar inovação.

E quais são os fatores que afetam esses resultados? Lamentavelmente, precisamos reconhecer, é a falta de conhecimento qualificado. Nossa deficiência de ensino e a pulverização de recursos nos diversos níveis da educação, sem foco na qualidade, são a principal fonte dos nossos problemas.

Quantas empresas se vangloriam de só empregar nível superior? Parte dessa atitude é para tentar compensar, ao menos em parte, a baixa qualificação dos ensinos médio e fundamental no Brasil.
Com recursos escassos, nosso foco poderia ser, após a universalização do ensino, que chegou com pelo menos um século de atraso, a qualificação do ensino fundamental.

Assim é também nos redutos menos desenvolvidos. A premiação das melhores inovações na base da pirâmide é atribuída a profissionais e empresas que não pertencem a essa comunidade.

Falta, nesses ambientes, o elemento principal, que é o conhecimento. Se o conhecimento é deficiente, a geração de ideias fica comprometida, dificultando o próximo passo, que é o discernimento para a escolha da ideia mais apropriada.

Registre-se que pela primeira vez o tema educação de qualidade faz parte da agenda da presidência da República. Este é um fato inédito e auspicioso.

Para o universo de importantíssimas autoridades da educação brasileira está colocado o desafio: já que não temos os 40 anos dedicados pela coreia do Sul para chegar ao estágio de evolução atual, como devemos fazer para "alcançar" esse estágio em muito menos tempo?

A presidente da República acaba de anunciar uma olimpíada do conhecimento. Certamente uma grande ideia sediá-la no Brasil, o que, aliás, poderá ser feito com regularidade.

Há vários efeitos positivos dessa iniciativa: estímulo aos estudantes brasileiros e, de maneira objetiva, estímulo ao turismo para estrangeiros. Está na hora de mudar o nosso patamar de visitantes estrangeiros que teima, há mais de dez anos, em não deixar a faixa dos cinco milhões anuais.

Adolfo Menezes Melito é presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da Fecomercio-SP

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