segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Proporção de pobres cai para 25,2% da população em 2007, diz estudo do Ipea

O presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, divulgou ontem uma compilação de números que indica a continuidade da queda da pobreza no ano passado, seguindo a tendência iniciada em 2004 com a recuperação da economia do país.

Pela metodologia adotada, os pobres passaram de 27,1% da população das seis principais regiões metropolitanas em 2006 para 25,2% no ano passado eram 35% em 2003.

Já os considerados ricos pelo trabalho do Ipea cresceram em número, mas se mantiveram na proporção de 1% do total das famílias.

Foram utilizados resultados da pesquisa de emprego realizada mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A base de dados tradicionalmente utilizada para as medições de renda e desigualdade, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, também do IBGE), que compreende todo o país, ainda não tem informações disponíveis sobre o ano passado. Os dados da Pnad mostram uma taxa diferente de pobreza, de 23,5%, em 2006.

O Ipea considerou pobres os que vivem em famílias com renda até R$ 207,50 (meio salário mínimo, em valores atuais) por pessoa e ricos os que pertence a famílias de renda total superior a R$ 16,6 mil (40 salários mínimos, em valores atuais). Os valores foram adotados para todas as regiões, apesar da diferença de custo de vida entre elas.

Antecipar estudos

Trata-se de um tipo de publicação introduzida por Pochmann no ano passado, quando assumiu o comando do Ipea -o "Comunicado da Presidência", cujo objetivo, segundo o economista, é "antecipar estudos que estão sendo feitos na casa". O comunicado divulgado, o sétimo da série, tem apenas 12 páginas e uma breve nota sobre a metodologia utilizada.

Para o economista, ligado à ala dita desenvolvimentista do PT, o trabalho está em sintonia com os novos objetivos fixados para o órgão, vinculado desde o ano passado à Presidência da República. O Ipea quer priorizar estudos voltados para o longo prazo e a avaliação de políticas públicas.

No texto de ontem, o instituto também afirma que "os detentores dos meios de produção podem estar se apoderando de parcela crescente da renda nacional".

A hipótese se ampara em uma outra pesquisa do IBGE, sobre a produtividade na indústria que estaria crescendo acima da renda dos trabalhadores do setor. O estudo não informa, porém, a proporção dos trabalhadores industriais no total. "Eu não saberia dizer com certeza, mas deve ser cerca de um terço", disse Pochmann, questionado sobre o número. Ele ponderou, porém, que os trabalhadores do setor são os mais organizados.

6 de agosto de 2008, Folha de S. Paulo - SP

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