sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pré-Sal pode tornar o Brasil 4º maior produtor de petróleo do mundo

19/06/2009

A descoberta de petróleo e gás na camada Pré-Sal da costa brasileira traz um novo horizonte para indústria petroleira mundial. Além dos desafios técnicos e institucionais da Petrobras surge a necessidade de criação de uma nova empresa estatal.

O tema discutido durante o seminário “O Brasil diante do Pré-Sal”, realizado no dia 3 de junho, na Câmara dos Deputados, acendeu o sinal de alerta para os militantes da campanha “O petróleo tem que ser nosso”. A iniciativa da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, em parceria com o Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica, levantou a necessidade de criação de um novo marco legal para colocar nas mãos do Estado a decisão sobre a aplicação da maior parte da riqueza gerada pelo petróleo extraído.

Segundo o presidente do Conselho de Altos Estudos, deputado Inocêncio Oliveira (PR/PE) estamos diante de uma oportunidade histórica. “Em vez de simplesmente transferir essa riqueza para empresas ou acionistas internacionais, os lucros gerados poderão financiar grandes investimentos em educação, saúde, pesquisa, infraestrutura, saneamento e defesa”, afirmou.
A província do Pré-Sal oferecerá desafios técnicos nunca antes visto no setor. Será necessário superar diversas barreiras técnicas em áreas que compõem, direta e indiretamente, a cadeia de valor da atividade petrolífera. Na avaliação do presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), deputado Eduardo Gomes (PSDB/TO), as questões políticas precisam ser equacionadas uma vez que a indústria brasileira ainda não domina todos os aspectos tecnológicos envolvidos na extração do petróleo em reservatórios localizados em tão grandes profundidades e tão longe da costa.

Serão necessários altos investimentos, seja no esforço intenso para a formação e reciclagem de recursos humanos, seja na criação de novas empresas e na capacitação tecnológica. Com base em informações publicadas pela Petrobras, os desafios que se apresentam para exploração e o transporte de petróleo são essencialmente na área de reservatórios, engenharia de poços, logística associada ao gás e nas unidades de produção flutuante.

Para atender a demanda de empregos que surgirá nos próximos anos, algumas ações já começam a ser evidenciadas. O coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo (Prominp), José Renato Ferreira de Almeida, disse durante o seminário que será divulgado, na primeira semana de novembro, edital para a seleção pública de capacitação de mais 42.402 pessoas para atuarem no mercado de petróleo. A necessidade de contratação passou de 112 mil pessoas para 260 mil.

A descoberta da camada Pré-Sal deixa o Brasil numa posição privilegiada em relação ao resto do mundo e implica crescimento na área de pesquisa científica e tecnológica, que impulsionará o desenvolvimento da indústria fornecedora de equipamentos, materiais de construção naval e bases administrativas.

Os dados levantados no seminário “Os desafios do Pré-Sal” propõem uma mudança na geografia mundial e nacional da indústria do petróleo, passando o litoral paulista a ter uma importância estratégica como base de apoio para a exploração em alto-mar.

Para o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, José Lima, o tema deve ser tratado levando em consideração o contexto internacional. “É bem verdade que em função da crise houve um soluço no crescimento de demanda energética, mas no médio e longo prazo, não há dúvida que a demanda é crescente. Ninguém cresce sem energia. Ninguém desenvolve sem energia. O consumo energético é ligado diretamente ao crescimento do PIB de um país” concluiu.

O sucesso de Petrobras não veio sem muitos investimentos e esforços. As tecnologias desenvolvidas no Cenpes fazem da empresa, a que mais gera patentes no Brasil e no Exterior. Estamos certos de que a missão é árdua, entretanto plausivelmente estimulante.

por Lynaldo Cavalcanti
Publicado no site:
http://www.wscom.com.br em 19/06/2009

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